sexta-feira, maio 3, 2024
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Capítulo 4 – Breno Pires

Bom dia amigos leitores

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* Capítulo 4 – Dia 03 (08/02/24) – Quinta-feira

Começamos o terceiro dia de nossa viagem ao deserto com muitas expectativas, afinal, na véspera a Bebê tinha apresentando um problema e era hora de saber se conseguiríamos contorná-lo ou se teríamos que encerrar nossas aventuras pelos países andinos, já que não tínhamos um plano C…

* Problemas foram feitos para serem resolvidos… (dizia minha professora de matemática, ahahahahah)

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Como dito, para continuar a viagem eu precisava contornar o problema da moto. Como não encontrei a peça ideal para fazer um “conserto” (assim, com esse), comprei cinco peças semelhantes, cinco resistores, mas com propriedades diferentes, e passei a torcer para que um deles resolvesse.

Experimentei o primeiro e… nada! Fui para o segundo e… nada! A essas alturas, já nervoso, pois quarenta por cento das chances de consertar a moto já se haviam esgotado, e fui para o terceiro resistor. Então, mesmo que acusando o problema existente, a moto deixou engatar a primeira marcha! Com isso poderíamos rodar… Ufa, alívio, sorrisos, felicitações, e bora para a estrada… E nem testei os outros dois que restaram.

* Tem que ter Resistência… Não tinha!

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Ao sairmos de Corrientes, analisando o mapa, vimos que alguns quilômetros à frente tinha uma cidade de nome Resistência, que possuía um Clube de Harleyros (proprietários de motocicletas Harley Davidson). Resolvemos passar lá para ver se conseguíamos arrumar em definitivo minha moto. Nada feito. Clube fechado, ninguém para ajudar… Bora seguir, então, não sem antes ficar quase uma hora na fila de abastecimento…

A propósito, é muito comum na Argentina ter muita fila para abastecer combustível, principalmente nas cidades. Mesmo com bastantes postos de combustíveis, geralmente havia grandes filas de veículos… Haja paciência, principalmente quando estava calor, pois nós, os motociclistas, estávamos sempre equipados, e como sabido, nossas roupas não primam por serem as mais “refrescantes”, kkkk

* Próxima parada Santiago del Estero (Mas antes, tinha uma reta…)

Esta próxima etapa nos levou ainda mais para o interior da Argentina. Fazia parte do trajeto enfrentarmos parte do “terrível” e “temível” Chaco argentino para chegarmos a nosso destino.

O Chaco é o nome de uma província argentina, cuja capital, ficamos sabendo depois, é a cidade de Resistência, essa, do Clube dos Harleyros. Mas também é uma região geográfica de de planície que fica entre a parte argentina banhada pelo rio Paraná e as fronteiras com Brasil e Paraguai, e a encosta da Cordilheira dos Andes, ou o pré-Andes.

Essa região é marcada ou “cortada” por rodovias que apresentam extensas retas. Quando falo extensas, são extensas mesmo, algo não imaginável por nós aqui do Brasil, pois são retas onde as menores podem ter quarenta ou cinquenta quilômetros, e as maiores, muito mais que cem quilômetros… Daí por que o Chaco, pejorativamente chamado de Chato, ahahahahah, se torna “terrível” ou “temível”… Dá pra imaginar dirigir sob uma temperatura de 35 a 40 graus Celsius em retas de quase cento e cinquenta quilômetros de extensão?

Se levarmos em conta que após uma reta daquelas, de sessenta quilômetros, por exemplo, tem uma suave curva, e depois da curva tem outra reta, e depois mais uma suave curva e mais outra reta, e uma suave coxilha e mais reta, e outra suave curva e mais reta, pode-se dizer que durante três ou quatro horas andamos mesmo em linha reta… Aquelas paisagem me lembravam um pouco as paisagem da RS 040 nas proximidades das cidades de Rancho Velho e Capivari do Sul, no sentido de quem vai para o litoral, porém com a extensão exponencialmente maior…

É uma paisagem monótona, uma viagem monótona, cansativa, desgastante, pois não tem nada entre uma cidade e outra, durante muitas horas de estrada. Mas não é de um todo ruim.

Ao mesmo tempo, é um daqueles bons momentos em que, ensimesmados, pilotando a moto tranquilamente (lembremos que nossa velocidade de cruzeiro é 90-100km/h) permitimos a nosso pensamento chegar a alguns lugares que, em outros momentos, não seria possível… Ah, dos poucos atrativos que haviam, que nos faziam voltar à concentração da motoqueada, estavam rebanhos de porcos, jumentos, cabras que muito frequentemente resolviam passear nos acostamentos e beiradas de estradas, alguns dos semoventes se aventurando na rodovia… Felizmente nossa velocidade permitia “negociar” com os bichos uma passagem segura…

Em meio ao Chaco via-se frequentemente placas indicando outra região geográfica: El pampa del infierno… Passaríamos por ele na volta.

* Quem faz 620, faz 700?

Ao nos aproximarmos de Santiago del Estero, nosso destino do dia, já à tardinha, recebemos a visita de nossa já conhecida dos dias anteriores: chuva, muita chuva… Resolvemos então seguir um pouco mais e irmos até a cidade de Termas do Rio Hondo, que como o nome diz, é uma cidade turística com águas termais.

Impressionante como esses setenta e poucos quilômetros que fizemos a mais foram desgastantes. Seja por causa da chuva, seja por que anoiteceu rápido, ou seja por que estávamos desidratados, simplesmente chegamos em Termas do Rio Hondo extenuados. Para “melhorar” a situação, um grande temporal havia atingido a cidade que, em grande parte estava às escuras, sem internet, etc..

Alguns quilômetro antes da cidade paramos para abastecer. E foi quando o amigo Chico comprou seu primeiro terreno em terras argentinas, enganado pela grande quantidade de água e barro que se acumulara na entrada do posto. Felizmente não foi uma grande queda, e fomos ajudados por alguns caminhoneiros que estavam próximos. Mas que ele passou o resto da viagem capenga de um braço, isso ele passou. Ainda está se recuperando….  (capenga de um braço é bom, kkkk).

* Merecido descanso

Após nos instalarmos no Hotel Las Vegas, fomos para o lanchinho reparador, harmonizado com suco de pomelo, outro dos produtos característicos de nossos hermanos, e bora para a cama, que parecíamos uns zumbis… Não sem antes um bom banho na piscina térmica do hotel, o Chico declinou, que ninguém é de ferro para dispensar tamanho privilégio, ahahahahah

E dê-lhe rotina: pendura roupas e botinas para secar, limpa capacete, organiza bagagem, deixa tudo meio engatilhado para o dia seguinte…

* As subidas estão em breve

No próximo dia começaríamos a subir a pré-Cordilheira. Muitas expectativas…

Bom fim de semana, e até à próxima, se Deus quiser.

PS: no café da manhã, ainda em Corrientes, um motociclista de Minas Gerais, que também ia para o deserto, para encontrar a esposa que já estava lá, nos informou que Paso Jama, a fronteira entre Argentina e Chile, que passaríamos em dois dias, estava há dois dias fechado devido ao mau tempo: a rodovia havia congelado, impedindo o tráfego de veículos… Haja Coração….

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