Bom dia amigos leitores
* Capítulo 16 – Dia 15 de viagem (20/02/24) – Terça-feira
E começamos o penúltimo dia de nossa belíssima aventura, último dia no “estrangeiro”, snif, snif, snif (choro, ahahahah), com muitas expectativas.
* Saindo de Santa Fé…
Para o destino de hoje iríamos até Paso de Los Libres, fronteira com a cidade brasileira de Uruguaiana, em uma viagem de pouco mais de 450 km.
O café da manhã, razoável como são os cafés da manhã na Argentina, já prenunciava um dia de bastante calor. Equipados, motos abastecidas, e bora rodar, pois quem passeia não pode ter pressa…
Um dos atrativos nessa saída seria a transposição do rio Paraná por um túnel subfluvial, isso é, um túnel rodoviário subaquático – passava por debaixo do rio, com uma extensão de praticamente 2,4 km. Uma curiosidade: no seu ponto mais profundo o túnel está 32 m abaixo do nível médio do rio. Não é um dos locais mais indicados para quem é claustrofóbico, ahahahah.
* Geografia e economia
Conforme já mencionei semana passada, desta vez entramos definitivamente no bioma pampa: planícies de enormes extensões, coxilhas com pequenas elevações e nas rodovias, retas e mais retas. E mais retas. Calculo que uma determinada reta tinha quase 200 km de extensão… É pouca coisa não.
Interessante notar que em muitos pontos desse pampa haviam fazendas (estâncias) de criação de gado. Os campos e pastagens eram absurdamente enormes (não é sentido figurado) e os “rolos” de silagem eram tão grande e tão numerosos que fui obrigado a especular da enormidade do rebanho argentino. É uma coisa quase difícil de descrever. Realmente, quando se fala em criação de gado na Argentina a palavra que pode descrever esse ramo da economia é “superlativo”; ou “colossal”.
* Anatomia
Não sei se foi pela distância já percorrida na viagem (mais de 6.000 km), ou se era a monotonia das retas, ou o calor excessivo, ou se estávamos sofrendo a pressão do retorno e da proximidade de casa, ou, de repente, tudo isso, junto e misturado, mas nesse penúltimo dia, tanto eu quanto o Chico começamos a sentir muita dor em nossas almofadas glúteas, isso é, em nossos traseiros, ahahahah. No dia anterior, quando íamos para Santa Fé eu já reclamara um pouco e o Chico corroborara também a sensação de desconforto, mas nesse penúltimo dia foi terrível: sentava-se para frente no banco, sentava-se para trás, sentava-se de um lado, sentava-se de outro, sentava-se sobre uma coxa, depois sobre outra, ficava-se encurvado, depois ereto, depois atirado para trás, inclinado para frente, e o Chico, mostrando sua habilidade, ainda trafegava por bons quilômetros simplesmente em pé na moto, apoiado apenas nos calços (estribos) dos pedais, e a dor persistindo. Em alguns momentos me obriguei a fazer alguns exercícios de concentração e de desafio da não-troca de posição (quando se desfia a não trocar de posição por tantos quilômetros ou por tanto tempo…, kkkk). Realmente, foi uma viagem bastante cansativa, dolorosa e desgastante.
* Não é por que está ruim, que não possa piorar…
Para tornar a situação da dor nos traseiros um pouco mais desagradável pegamos o pior trecho de estradas de toda a viagem. Em determinados momentos a rodovia era tão ruim, mas tão ruim, esburacada, com canaletas e desníveis, que eu não conseguia andar há mais de 50km/h, e até menos… Comecei a temer pelas condições de segurança e de bom estado de minha Bebê… Esse trecho, um pouco antes de Passo de Los Libres foi “punk” (desculpa aí aos adeptos do movimento punk, ok? Kkk). Daí dá pra imaginar o quadro, nós com os traseiros doloridos e andando de britadeira…
* Paso de Los Libres
Tínhamos a opção de pernoitar em Passo de Los Libres ou em Uruguaiana nesta penúltima noite. Como queríamos fazer umas comprinhas, optamos pela primeira. Uma vez instalados fomos turistar…
Para nossa surpresa descobrimos que Passo de Los Libes não tem free shops… Pensamos que a cidade era, por ser fronteiriça, um grande centro de compras. Não era. Descobrimos que alguns free shops ficavam do outro lado, em Uruguaiana (mas não eram free shops, eram um misto de grande supermercado com loja de produtos internacionais…).
Pelo sim, pelo não, fomos passear e notamos que, assim como noutras cidades argentinas, havia muitas casas comerciais de vinho (mais uma vez a tradição do vinho argentino se impondo na economia local e regional) com preços bastante convidativos. Como estávamos de moto e as bagagens já praticamente lotadas, não tínhamos muito o que fazer; o jeito era olhar, averiguar preços e pensar em planejar uma viajem próxima (o que até hoje não aconteceu, ahahahah).
Ah, já ia esquecendo: mais uma vez os dois turistas brasileiros se atravessaram no meio da rua achando que estavam passeando em um calçadão… A buzinas nos mostraram o engano, ahahahah. Mas que barbarbaridade!
* Intercâmbio
Uma situação curiosa: quando chegamos no hotel de Paso de Los Libres (se não me falha a memória – às vezes ela falha, era Hotel Alejandro) ao fazer o check-in fui abordado por uma chinesa. Dentro do pensamento e do raciocínio do portunhol que eu estava praticando nos últimos dias, foi difícil entender que ela estava falando comigo em inglês… (foi difícil também pensar em portunhol e traduzir para o inglês, ahahahah).
Algum tempo depois, estabelecida a comunicação (descobri que os atendentes do hotel não falavam inglês – que barbarbaridade, kkkk) entendi que ela queria uma carona, no dia seguinte, até “Uvuguaen”, pois estava passeando e queria ir conhecer a cidade e sabia que eu iria para o Brasil… Pensa numa comunicação difícil, ahahahahah
À noite mais uma turistada, um bom último jantar em terras hermanas e uns bordejos.
No dia seguinte, Brasil e casa. Isso depois de uma boa noite de sono…
* E o Colorado, hein?
Quando a gente joga mal até ganha os jogos, inclusive um GRENAL. Daí quando a gente joga bem, perde… Acho que é uma técnica do Colorado para não iludir o torcedor, ahahahahah. E a derrota para o Galo foi com requintes de crueldade: jogamos bem e levamos um golo nos últimos segundos do jogo… haja coração!!! Como sofre essa torcida do Internacional, ahahahah.
Eu não disse que jogo do Inter à noite é só para estragar uma boa noite de sono?
E os tricolores, hein? Sei não, mas a corda está apertando… Te escapa medinho, que o medão te pega. Alguém aí já está com medo da Segundona? Hein? Hã?
Fé, força, esperança, respeito, determinação, trabalho, discernimento e polícia nos vagabundos. Eis aí o que, neste momento, poderá fazer a diferença.
Bom fim de semana, apesar dos pesares, e até à próxima, se Deus quiser.