O desenvolvimento das culturas de inverno no Rio Grande do Sul enfrentou desafios devido à baixa luminosidade. Apesar disso, as chuvas ajudaram a manter a umidade do solo, com a queda das temperaturas favorecendo o perfilhamento inicial das lavouras de trigo. Esse clima, no entanto, preocupa os produtores das áreas onde as lavouras estão em fase de floração. Segundo o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado nesta quinta-feira (15/08), a sanidade das lavouras de trigo é, em geral, satisfatória. Apesar disso, algumas doenças foram detectadas, o que exigiu a aplicação preventiva de fungicidas e o contínuo monitoramento de pragas e doenças.
A área destinada ao trigo no estado, conforme a Emater/RS-Ascar, é de 1.312.488 hectares, com uma produtividade esperada de 3.100 kg/ha. O desenvolvimento da cultura segue em progresso, com 8% da área total em floração, um índice menor que o observado em safras anteriores.
Na região de Santa Rosa, administrada pela Emater/RS-Ascar, foram plantados 290.705 hectares de trigo nesta safra. As primeiras lavouras, semeadas em maio, estão começando a florir, representando aproximadamente 4% da área. As demais plantações estão em fases de perfilhamento ou alongamento, com o surgimento da folha bandeira. Os produtores temem os efeitos das geadas nas lavouras em espigamento, que podem prejudicar a formação dos grãos durante a floração. No entanto, os danos só poderão ser avaliados quando as lavouras atingirem a maturação. Visualmente, as lavouras apresentam bom aspecto e uma expectativa de produtividade positiva.
Aveia branca
– As lavouras de aveia branca estão em bom estado fitossanitário. Porém, as recentes condições climáticas não só permitiram a recuperação das plantações como também favoreceram a incidência de ferrugem em áreas com menor investimento em controle preventivo. A área de cultivo estimada pela Emater/RS-Ascar é de 365.590 hectares, com uma produtividade projetada de 2.402 kg/ha.
Canola
– As geadas recentes não foram intensas e não devem prejudicar significativamente o potencial produtivo das lavouras de canola em fases reprodutivas. As regiões de Caxias do Sul, Erechim e Soledade possuem lavouras em estágios iniciais, com adubação em cobertura sendo realizada nas plantações mais tardias. A área cultivada estimada pela Emater/RS-Ascar é de 134.975 hectares, com uma produtividade inicial de 1.679 kg/ha.
Cevada
– As lavouras de cevada estão se desenvolvendo bem, com uma área de cultivo projetada de 34.429 hectares e produtividade de 3.245 kg/ha. O cultivo ocorre principalmente nas regionais de Erechim, Caxias do Sul, Passo Fundo, Ijuí, Frederico Westphalen e Soledade. Em Erechim, as primeiras áreas estão entrando em fase de espigamento, representando cerca de 7% dos cultivos. Devido às chuvas, os produtores realizaram a adubação nitrogenada no final do período de plantio e continuam monitorando pragas e doenças.
Morango
– Na região de Lajeado, em Bom Princípio, a safra de morango está no início, com floração intensa e boa produção para o mercado, o que refletiu na queda de preços em relação a julho. Há uma redução prevista na área plantada devido ao excesso de chuvas em maio. Os dados serão divulgados no evento de abertura da safra de morango, previsto para o final de agosto. Não foram relatadas pragas no período, mas há manejo de doenças. As primeiras floradas geralmente produzem morangos maiores, vendidos a R$ 30,00/kg, enquanto os menores são vendidos a R$ 20,00/kg.
Oliva
– Na região de Bagé, as plantas de oliva estão vigorosas e com boa saúde, mantendo as expectativas positivas para a próxima safra. As podas foram concluídas, e os produtores estão começando a adubar as plantas para a fase de floração. O número de horas de frio foi suficiente, e as geadas não causaram grandes danos. Cultivares mais precoces, como Arbequina e Koroneiki, já estão emitindo racemos florais.
Pastagens
– A oferta de pastagens de aveia e azevém continua limitada devido às condições climáticas adversas e à sobrecarga das áreas. No entanto, as chuvas recentes devem beneficiar as áreas menos afetadas, com muitos produtores investindo em adubação de cobertura para melhorar o desempenho das pastagens. O campo nativo está em recuperação em diversos locais, mas muitas áreas ainda estão queimadas pela geada ou muito baixas.
Bovinocultura de Leite
– A boa disponibilidade de forragem nas pastagens anuais de inverno aumentou a produção de leite nos últimos dois meses. Devido às chuvas, os produtores limitaram o tempo dos animais nas pastagens e aumentaram a oferta de silagem. A chuva causou lama, dificultando a higiene na ordenha e levantando preocupações com doenças e qualidade do leite.
Apicultura
– Na região de Bagé, em Dom Pedrito, iniciou-se a oferta de alimentação artificial proteica para as abelhas, visando aproveitar as floradas da primavera a partir de setembro. O monitoramento das colmeias foi intensificado devido ao aumento da população e à maior demanda por alimento. Na região de Erechim, com o início da floração de espécies cítricas e nativas, houve aumento na oferta de néctar e pólen. Em Frederico Westphalen, muitos apicultores continuam fornecendo alimentação artificial e mantendo as colmeias, mas a falta de preparo para adversidades climáticas resultou em perdas de produção e enxames.
Pesca Artesanal
– Na região de Pelotas, os pescadores da Lagoa dos Patos estão no período do Seguro Defeso até 30/09. A safra de camarão foi praticamente inexistente, impactando severamente a renda das famílias de pescadores, que têm recebido auxílio de programas como Auxílio Reconstrução e Seguro Defeso, além de doações de geladeiras e móveis. No município de Pelotas, há dificuldades de acesso às áreas de pesca e necessidade de reforma de estradas. Em Rio Grande, o Exército instalou uma balsa provisória devido ao bloqueio de uma ponte. Em Tavares, a safra de camarão foi encerrada.