Bom dia amigos leitores
Comemora-se hoje o Dia da Independência do Brasil, o famoso “7 de Setembro”.
Neste dia, no ano de 1822, às 16:30h, o Brasil tornou-se, por obra de Dom Pedro I, oficialmente independente de Portugal. Deixamos de ser colônia para sermos um império.
Assim, a cada 7 de Setembro comemora-se aquela iniciativa que, ao contrário do que se pensa, não foi exatamente como se pensa que ocorreu, não foi barata e não foi pacífica, como muito se pensou, durante muito tempo.
* Não foi como se pensa que ocorreu…
Acostumamo-nos a pensar na independência do Brasil como reflexo do que vemos no quadro Independência do Brasil (óleo sobre tela) pintado por Pedro Américo em 1888, lembram? É a mais tradicional representação artística de nossa Independência.
Na verdade, não podemos esquecer que o quadro é isso mesmo: uma representação que neste caso foi encomendada para a “comemoração da proclamação da independência nos campos de Ypiranga” (wikipédia). Nessa condição, é óbvio que deveria ser muito mais clássica do que a realidade, certo?
Como proposta de representação, o quadro atingiu seu objetivo; muitos estudos, muitas análises, muita avaliação do mesmo são unânimes em afirmar: é uma idealização de um momento ímpar na história de uma nação em formação. Precisava ser muito mais grandioso que a realidade nua e crua dos fatos!
* Portugal diante de nossa Independência
Portugal sabia que o Brasil estava se encaminhando para a independência. Era um processo inexorável. Questão de tempo.
O governo português tratou, então, de adotar uma postura bastante objetiva: tentar retardar o máximo que pudesse o rompimento dos laços com o Brasil, e uma vez que isso corresse, apresentar muitas dificuldades para o estabelecimento da nova e independente nação.
Assim, o “7 de Setembro”, apesar de simbólico, foi o ápice de um processo que já se iniciara antes mesmo da vinda da família real portuguesa para o Brasil lá em 1808 (quatorze anos antes de 1822).
Feita a independência, Portugal é óbvio, não reconheceu esta autonomia. Ao menos em um primeiro momento…
* Nossa independência não foi pacífica
Foi muito comum dizer-se que a independência do Brasil foi relativamente pacífica, o que não é verdade.
Um dos primeiros esforços de nosso novo imperador D. Pedro I foi travar as “Guerras da Independência” contra aquelas províncias brasileiras que se mantiveram fiéis a Portugal. Para isso, precisou formar um exército insipiente e contratar mercenários (principalmente, mas não só ingleses). Por dois anos houve guerras no território brasileiro que objetivavam consolidar nossa independência: Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Pará (Grão-pará) e Cisplatina (atual Uruguai que àquela época pertencia ao Brasil, anexado que fora por D. João VI nas Guerras Cisplatinas).
Somente após a pacificação dessas províncias é que o governo no novo país começou a lutar pelo seu reconhecimento como nação independente.
* Nossa Independência não foi barata…
Após à independência as principais nações do mundo, em especial as europeias, ficaram resistentes em reconhecer a autonomia da nova nação. Isso por um motivo bastante simples: enquanto a metrópole Portugal não reconhecesse, ninguém mais reconheceria sob pena de entrar em conflito com a ex-metrópole. Exceção foram os Estados Unidos da América, a primeira nação a reconhecer a independia do Brasil. Mas naquela época os EUA ainda não eram a potência que são hoje então esse reconhecimento não teve grande significação (mas já foi um primeiro passo, claro).
Pacificado o Brasil, restou negociar com a ex-metrópole o reconhecimento da independência, e isso foi feito, após muitas e muitas tratativas, obedecendo-se a questões econômicas.
No dia 29 de agosto de 1825, pelo tratado de Paz e Aliança, finalmente Portugal reconheceu nossa independência de forma oficial. O Brasil, por sua vez, teria que pagar à Portugal uma indenização de dois milhões de libras esterlinas. Além disso o rei de Portugal, D. João VI, ainda preservaria o título de Imperador do Brasil (seu sonho era uma reunificação dos dois países).
Assim, com o reconhecimento, o cidadão Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon tornou-se o primeiro mandatário de nossa nação independente com o título de D. Pedro I.
Ah, D. Pedro I era músico, cantava e tocava vários instrumentos musicais. Compôs muitas músicas, entre elas o Hino da Independência cuja letra (das duas primeiras estrofes) segue abaixo:
Já podeis da Pátria filhos
Ver contente a Mãe gentil;
Já raiou a Liberdade
No Horizonte do Brasil
Já raiou a Liberdade
Já raiou a Liberdade
No Horizonte do Brasil
Brava Gente Brasileira
Longe vá temor servil;
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
* Nossa Independência já foi mais comemorada…
Noutros tempos a comemoração da Independência já foi mais festiva.
Ensaios de bandas marciais, desfiles, horas cívicas durante toda “Semana da Pátria” foram uma realidade. Atualmente, bem menos. Ao menos aqui no sul os festejos farroupilhas se tornaram maiores e mais intensos.
Isso não quer dizer que não podemos ou devemos comemorar tal data, pois mesmo que sabendo da enorme simbologia que ela carrega, foi a partir dela que nosso país começou a trilhar os caminhos de sua autonomia. Veja bem: autonomia, mas não independência (mas isso é assunto para outro momento!).
Parabéns Brasil. Sigamos fortes, diligentes e fazendo nossa parte, apesar de tudo e de todos.
Bom fim de semana e até à próxima, se Deus quiser.