sexta-feira, fevereiro 14, 2025
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BRENO PIRES MOREIRA

Bom dia amigos leitores

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* Capítulo 9 – Dias 09 da viagem (14/02/24) – Quarta-feira

Após um dia e meio em São Pedro do Atacama, no Chile, após um excelente passeio pelo Vale de la Luna, onde fizemos um trekking estonteante pela crista de uma montanha, seguimos nossa viagem, desta feita em direção ao Oceano Pacífico, no outro lado do continente americano. Nosso destino seria a cidade portuária de Antofagasta, a 443 km de distância.

* Ainda em São Pedro do Atacama

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Duas situações interessantes quero relatar ao amigo leitor antes de seguir à diante em nossa viagem.

Primeira: logo que chegamos no Vale da Lua e começamos nossa caminhada, lembrando que estávamos no meio do deserto, notei que em meio à areia havia muitas pedrinhas brancas espalhadas pela trilha. Não só eu como vários outros turistas tratamos logo de pegar algumas pedrinhas para levar de lembrança, afinal, eram bonitas mesmo. Então fomos bastante advertidos pelos guias que não poderíamos pegar nenhuma pedra ou objeto que encontrássemos, sob pena de sermos impedidos de sair da van na próxima parada. A justificativa era a de que se todo turista que estivesse ali pegasse uma pedra, em pouco tempo não restaria nenhuma no deserto. Justo. Meio envergonhados, largamos nossos souvenires.

Outra: fomos visitar um salar que possuía algumas imagens-esculturas de sal esculpidas pelo vento, bem como uma mina de extração de sal. Ao chegarmos fomos avisados que era terminantemente proibido sair das trilhas ou passar por cima das pedras que demarcavam os caminhos e trilhas. Um casal que se juntara a nós no caminho estava acompanhando nosso grupo quando o vento carregou o chapéu do homem para longe da trilha, dentro da área proibida. Sob a justificativa de que era um legítimo panamá e custara uma fortuna, ele saiu correndo da trilha, entrou no salar e buscou o chapéu. Em questão de minutos ele foi cercado por seguranças, a guia foi chamada, e para resumir a história, o homem teve duas opções: ou voltava imediatamente para o centro da cidade junto com os seguranças, ou acompanharia a turma, mas não poderia mais sair da van, mesmo estando ainda na metade do passeio… Foram rigorosos e exemplares mesmo.

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* Bora para a estrada…

Para chegarmos em nosso próximo destino, a cidade de Antofagasta, deveríamos motoquear novamente pelo deserto. Em determinado momento faríamos mais de 150km sem cidades ou pontos de abastecimento, daí a necessidade de manter as motos com tanques cheios.

Saímos de São Pedro do Atacama pelo deserto, há mais de 2500 m de altitude, passamos pela cidade de Calama (cidade grande, também no meio do deserto de Atacama, inclusive tem um aeroporto internacional), para chegarmos na cidade de Tocopila, no nível do mar, onde almoçamos e reabastecemos. Esse trecho foi muito monótono e o calor do deserto bastante exigente. Retas e mais retas em meio a areia e dunas e montanhas, sendo a rodovia sempre acompanhada por imensas torres de energia elétrica…

Em Tocopila, uma cidade portuária, almoçamos em um restaurante à beira-mar, com um pescado recém colhido… Ali, em frente ao restaurante, o amigo Chico comprou seu segundo terreno na viagem, kkk. Motos abastecidas, pois agora teríamos um trecho grande sem pontos de abastecimento, e bora descer o litoral em direção à Antofagasta.

* Nova e deslumbrante paisagem

De Tocopila até Antofagasta, pela Ruta 1, seriam quase duzentos quilômetros pelo litoral do Pacífico, literalmente pela beira da praia.

Interessante é que, se de um lado a rodovia ficava a poucos metros do mar, acompanhando “a praia”, de outro lado ficava a poucos metros das montanhas. Isso mesmo: de um lado mar, do outro, montanha, e entre eles, nesse pequeno trecho que não passava de um ou dois quilômetros, a rodovia e o deserto! Às vezes éramos surpreendidos por intenso nevoeiro, e às vezes por um sol muito forte. E sempre, mas sempre mesmo, um vento úmido soprando do mar…

Sobre a praia, é interessante destacar que o litoral chileno, apesar de imenso e plano como o nosso aqui do Rio Grande, na maior parte não possui areia. É todo feito de pedras, algumas enormes, do tamanho de carros, e sobre essas pedras são construídas as casas de veraneio, tal qual palafitas. Dezenas de “praias”, com muitas e muitas casas e campings, tudo em meio a muitas pedras. Obviamente que as poucas praias que possuíam areias eram as mais concorridas e povoadas.

E assim fomos: horas e horas entre o mar, pedras, deserto e montanha. Ah, nenhuma árvore nesse trecho.

* Antofagasta

Antofagasta é uma cidade portuária e a capital regional de uma zona mineira no deserto de Atacama, no norte do Chile. É conhecida pela produção de cobre. Possui em torno de 400.000 habitantes. A norte da cidade, na costa do Pacífico, encontra-se o Monumento Natural La Portada, um enorme arco natural, de pedra, ao largo da costa, que alberga gaivotas, pelicanos e, por vezes, focas e golfinhos. A sudeste da cidade, no deserto de Atacama, encontra-se a “Mano del Desierto”, uma grande escultura de uma mão, monumento que visitamos no dia seguinte.

Chegamos em Antofagasta à tardinha e tivemos um pouco de dificuldade em conseguir hospedagem de qualidade por preços módicos. Isto por que, além de ser uma cidade turística, não esqueçamos que estamos na época de férias chilenas, ainda era comemorado o Dia dos Namorados no Chile. Sem muitas opções, fomos para um hotel Ibis, moderno e chique, cujo custo do pernoite, em um cubículo proibitivo para clautofóbicos, ficou uma pouco acima de nossas expectativas.

À noite saímos para jantar e a maioria dos restaurantes, em função da data, aceitavam apenas clientes que fizeram reserva. O jeito foi partir para as empanadas, muito tradicionais também no Chile. O café da manhã do hotel, no dia seguinte, compensou o jantar de véspera.

* Deixando um pouco a viagem…

Mais uma tragédia atinge nosso estado. Em menos de seis meses é a terceira vez que sofremos com inundações, destruição, catástrofe.

Desta vez tudo está parecendo mais intenso e mais destruidor. E para aumentar a sensação (que não é só sensação) de perigo, temos um agravante: a destruição de pontes e rodovias acrescenta o risco de desabastecimento das cidades, principalmente, mas não só, as isoladas. Já falta combustível, os mercados não conseguem receber os produtos de seus fornecedores, as pessoas começam a estocar alimentos e bebidas…

Por outro lado, destaque positivo em meio à tanto revés, a rede de trabalho voluntário que, somado aos esforços governamentais, tende a tornar menos difícil o enfrentamento da situação.

E depois que pararem a chuva e os riscos de danos, virá o tempo de reconstrução, tão difícil quanto o da destruição. E em breve vem o frio…

A pegada não será pouca. Não mesmo!

Oremos, trabalhemos e unâmo-nos.

Bom fim de semana, apesar dos pesares, e até à próxima, se Deus quiser.

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