sexta-feira, fevereiro 14, 2025
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BRENO PIRES MOREIRA

Bom dia amigos leitores

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* Capítulo 13 – Dia 12 da viagem (17/02/24) – Sábado

Conforme coluna anterior, chegamos no sábado na Meca do vinho argentino, a cidade de Mendoza. Muitas expectativas.

* Perrengue na fronteira…

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Entramos na Argentina pela alfândega no Paso los Libertadores, após subir Los Caracoles. Ao apresentarmos a documentação, medida que se mostrou fundamental, se não teríamos que ter voltado após descer boa parte da Cordilheira somente para pegar um carimbo, o agente alfandegário perguntou para onde íamos e qual era o hotel que nos hospedaríamos, afinal, não autorizavam entrar na Argentina se já não tivéssemos reservas em hotéis. Daí foi aquele susto, pois conforme já informei, fomos na cara-e-coragem sem fazer reserva nenhuma de hospedagem, nem na Argentina, nem no Chile. Obviamente que tentei aplicar aquele velho “migué” de estar com as reservas na bagagem, quando o atendente disse “puedes buscarlo, porque tenemos tiempo…” Lá fui eu abrir a enorme bagagem e procurar… Obviamente que não encontrei nada, afinal, “reserva de hotel em bagagem” na época dos celulares e da internet é conversa para “boi dormir”, ahahahaha; além do que eu sabia que não tínhamos reserva mesmo, ahahahahahah. Meia hora depois, e diante de uma cara de desprezo do funcionário alfandegário, fomos liberados.

* Ainda na estrada, aprendendo sobre o tempo….

Quando paramos na barreira policial que pedia as autorizações para entrarmos na Argentina conversamos com um motociclista argentino que já vinha nos acompanhando há alguns quilômetros. Foi ele que nos explicou sobre as nuvens na altitude: nuvens muito brancas ou nuvens muito pretas são sinônimos de muita neve…

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Perguntou em qual hotel ficaríamos em Mendoza. Diante de nossa negativa sugeriu procurarmos um no centro da cidade, próximo à Plaza la Independência… Registro no maps e bora pra estrada. Chegamos à meia tarde em Mendoza, após um dia de intenso calor e paisagens muito, mas muito belas…

Tratamos logo de procurar hospedagem, usando a velha e boa técnica: enquanto o Chico aguarda com as motos estacionadas (depois da experiência em San Salvador de Jujuy a missão de escolher o hotel ou a pousada ficou para mim, ahahahahah) eu vou aos hotéis ver preços, qualidade das acomodações, etc.. No entorno da praça Independência havia vários hotéis, então seria fácil escolher acomodações.

* Pero que si, pero que no…

Entrei no primeiro hotel que encontramos e a resposta que recebi foi de que “no tenemos alojamento”. Beleza… Fui ao segundo e “no tenemos…”; fui ao terceiro… ao quarto…. ao quinto e sexto e nada… Em seis hotéis não havia vagas. Me indicaram um hotel-boutique que  “él podrá recibirlos…” Lá chegando até tinha vagas, mas o pernoite, sem café da manhã e garagem, custaria algo em torno de seiscentos e cinquenta reais…

Já desistindo de pernoitar no centro da cidade vi, em uma rua lateral um apart hotel (hotéis em que os quartos são apartamentos). Como estava desistindo já de procurar acomodações no centro da cidade, pero que si, pero que no, resolvi entrar e perguntar.

Para minha surpresa foi-nos disponibilizado, por um excelente preço, um apartamento extremamente bom, com dois quartos (seria uma noite onde eu não ouviria a bomba de puxar água para a lavoura, ahahahah), cozinha, sala, tudo limpíssimo, com direito a banhos de sais, aromaterapia, camas king size, café da manhã e garagem. Foi, sem dúvida, a melhor hospedagem que ficamos em toda viagem. O nome: Uva. O hotel Uva era uma uva, ahahahahah.

Depois de instalados fiquei pensando na sensação que tive ao entrar nos hotéis que não tinham acomodação. Daí me perguntei: será que se eu chegasse com outra vestimenta que não jaqueta e calça de motociclista, bandana e botinas judiadas da estrada teríamos conseguido alojamento?

* Turistando

À noite fomos conhecer o centro de Mendoza.

Aqui no Brasil, nas cidades médias/grandes, em cada quadra tem uma farmácia; em Mendoza, em cada quadra existe uma loja de vinhos finos. Algumas quadras do centro chegavam a ter duas grandes lojas especializadas. Um deleite para os apreciadores. Como não conhecíamos a maioria dos rótulos, ficava difícil determinar se os preços praticados eram ou não condizentes com o produto oferecido. Me chamou atenção que não havia degustação nessas lojas. Mas se é bem capaz de ficarmos horas numa loja daquelas apenas lendo rótulos…

Depois, fomos a um restaurante para comer um assado, pois que assim como no Chile o cardápio é dominado pelos peixes e frutos do mar, na Argentina o é pela carne, especialmente a de rês.

Neste ínterim, caiu um dilúvio que literalmente inundou o centro da cidade.

Semelhante às cidades do deserto, as ruas da cidade de Mendoza possuem, paralelo às calçadas, ao menos no centro, dutos de recolhimento e escoamento de água. A chuva foi tanta que os dutos e diques transbordaram e a água chegou na porta das casas e estabelecimentos comerciais… Vi muita gente tirando os sapatos, remangando as calças e passeando pelas ruas, pois o calor era bastante intenso…

Após saborear um assado de fundamento, faltando apenas o chef pôr o sal com aquela manha de fazê-lo escorregar pelo braço, ahahahahahahah, fomos ao Uva e aos braços de Morfeu, que o dia seguinte prometia, pois seria um trecho do caminho pouco estudado por nós…

* O brasileiro tem jeito?

Em meio a tanta perda, destruição e desgraça tem aqueles que se aproveitam para roubar, se beneficiar e, mais absurdo, aplicar golpes, aproveitando-se da boa vontade de muitos e do momento de fragilidade de tantos outros.

Políticos furtando doações para beneficiar eleitores, pessoas públicas recebendo doações e as gastando em proveito próprio, bandidos fazendo-se passar por autoridades e solicitando doações que jamais chegarão aos necessitados, gente fazendo circular notícias notadamente falsas apenas pelo prazer de se opor às autoridades e aos poderes constituídos… É a calamidade dentro da calamidade!

Sou terminantemente contra a pena de morte, mas às vezes esses comportamentos nefastos são tão indecentes que se a gente não se cuida começa a cultivar o ódio e desejar o absurdo…

Daí que, a partir de tudo que se vê e se ouve fica a pergunta: o brasileiro tem jeito?

Sei que a maioria da população é de gente honesta e trabalhadora, mas às vezes parece que essa minoria sem-vergonha age com tanta naturalidade que ser honesto é uma exceção e não a regra; parece uma escolha e não uma obrigação. Concorda comigo leitor?

Uma última pergunta: a pessoa pode ser “meio-honesta”?

* Do assunto esquecido (às vezes é melhor esquecer, kkk)

E o Colorado, hein? O mesmo do mesmo, sempre.

Jogo do Inter à noite é só para estragar uma boa noite de sono, ahahahahahah.

Mas as camisetas “sujas” de barro foi uma grande jogada. Pena que o futebol não acompanhou o marketing.

Fé, força, esperança, respeito e polícia nos vagabundos. Eis aí o que, neste momento, poderá fazer a diferença.

Bom fim de semana, apesar dos pesares, e até à próxima, se Deus quiser.

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