segunda-feira, setembro 16, 2024
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BRENO PIRES MOREIRA

Bom dia amigos leitores

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* Capítulo 12 – Dia 12 da viagem (17/02/24) – Sábado

Como dito, a última noite no Chile transcorreu da melhor forma possível: fomos a uma interessante feira de produtos artesanais, com boa gastronomia, assistimos a um belo espetáculo musical, e nos recolhemos ao hotel já meio entorpecidos, tanto pelo cabernet sauvignon, quanto pelo friozinho da madrugada…

* Por falar em Cabernet Sauvignon

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Nosso próximo destino saindo da cidade de Los Vilos, no Chile, era a cidade de Mendoza, já na Argentina, em uma viagem de aproximadamente 500 km, que cruzaria novamente a Cordilheira dos Andes. Além de ser um ponto central no “caminho de volta” ao Brasil que estávamos fazendo, Mendoza tinha mais um atrativo, visto que é considerada a capital argentina do vinho. E basta dar uma volta nos mercados de nossa região para vermos que não são poucos os rótulos originários daquela região. Algumas cepas, diga-se, dão origem à varietais magníficos.

* No meio do caminho tinha uma curva…

Na verdade eram 29 curvas do sistema rodoviário chamado Los Caracoles, uma parte da rodovia – Ruta 60 que serpenteava até o topo da Cordilheira dos Andes levando ao Passo Los Libertadores, limite entre Chile e Argentina.

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Saímos de Los Vilos, no litoral, com temperatura em torno de 14° C, um nevoeiro tão intenso que parecia chuva, e menos de 100 km depois já estávamos no meio do deserto, sob um sol escaldante e com 30° de temperatura. A escalada de Los Caracoles foi bastante custosa e demorada, pois a rodovia estava em obras, e o para-e-anda intenso, além de potencializar o calor, aumentava muito o tráfego de veículos, principalmente caminhões, lentos e pesados, em ambos os sentidos. O que poderia ter sido feito em menos de trinta minutos levou mais de duas horas! Isso teve um custo para nós…

* No topo da América

A “escalada” de Los Caracoles levou-nos à altitude acima de 3.500 m. Trafegamos por uma rodovia de paisagem belíssima que nos levou ao centro de montanhas absurdamente belas, com seus topos nevados contrastando com o calor que enfrentávamos.

Ocorre que, conforme mencionei, demoramos muuuito para subir Los Caracoles, com isso, a grande “perda” de tempo (perda entre aspas, pois as belas paisagem tornavam a espera muito atrativa – apesar do calor) deixou-nos diante da seguinte opção: vamos visitar alguns pontos turísticos que existiam naquela região e termos que chegar em nosso destino à noite, ou deixamos alguns pontos turísticos de lado e fazemos uma viagem mais tranquila, durante o dia, em condições ditas “normais” e seguras? Justamente por estarmos em meio à cordilheira optamos pela segunda alternativa.

Assim, deixamos de lado algumas visitas quase que obrigatórias: o Cristo Redentor do Deserto, a Ponte Inca e o Mirador do Pico Aconcágua (ponto mais elevado da América do Sul). Foi uma pena, mas hoje entendo que fizemos a escolha correta…

* Valeu a dica

Quando estávamos nos organizando para a viagem, o amigo Laércio Tchy avisou: “atenção para quando estiverem voltando do Chile para a Argentina, tem que passar na alfândega argentina para pegar o carimbo de entrada, pois podem pedir na estrada…”

Dito e feito: começamos a descer a cordilheira e nos deparamos com a alfândega. Poderíamos ter passado direto, estávamos “embalados” e ela, a alfândega, ficava “longe” da rodovia e não havia cancela, policiamento ou outro tipo de controle (na rodovia) obrigatório. Mas fomos até à alfândega, enfrentamos longas filas e muita espera (que com a demora na subida dos Caracoles atrasaria ainda mais a nossa chegada em Mendoza), tivemos alguns percalços (o agente alfandegário insistia em querer saber para qual hotel iríamos em Mendoza), e por fim, recebemos um papelzinho com um carimbo de autorização de entrada. Voltamos para a estrada e seguimos viagem, agora e por muito tempo literalmente morro abaixo.

Pois não é que uns 13 ou 14 km depois, já feita a descida da maior parte da cordilheira havia uma barreira policial onde era obrigatória a entrega do papelzinho com a autorização? Pois é. Quem não o tinha teve que voltar, subir a cordilheira e passar na alfândega para adquiri-lo. E não foram poucos, sendo alguns motociclistas mais desavisados e muitos veículos de passeio. Como não vi caminhões voltando penso que por força do ofício já sabiam dessa necessidade… Provavelmente se não tivéssemos sido avisados também passaríamos direto pela alfândega.

* El pancho del Inca

Estávamos na estrada desde cedo, apenas com o café da manhã servindo-nos de combustível. Pelo adiantado da hora, antes de abastecer as motos precisávamos nos abastecer. Optamos pelo Paradouro del Inca, tipo um centro comercial, logo após a alfândega. Na lancheria optamos por um “pancho grande completo”, pois a fome era grande. Ahahahahahahahah! O que nos foi apresentado: um pão (de véspera, kkkk) com palmo-e-meio de comprimento com uma salsicha de dois palmos de comprimento dentro, um tubo de mostrada, outro de maionese e outro de catchup… e mais nada! Nadica! Que saudade de nossos cachorros quentes ou do italiano chileno. Fiquei pensando como seria um pancho incompleto, ahahahahahah.

Ao menos foi melhor do que o hambúrguer, pois segundo o Chico, as condições de higiene com que foi feito um pedido por umas meninas era proibitivo (até na gaveta do dinheiro e no chão o lanche delas caiu, eca!, ahahahahahah).

* Mais paisagens, menos tempo…

Com a demora nos Caracoles e ainda mais na alfândega, nosso tempo para “turistar” ficou ainda menor. Foi uma pena, pois as paisagens da Cordilheira dos Andes na parte argentina eram, sem dúvida, umas das mais belas de toda a viagem. Como já estávamos em meia tarde, optamos por “tocar ficha” e “comer asfalto” em detrimento de fotos e passeios. Com certeza perdemos (de novo) muitas coisas belas nessa parte do caminho. Muiiitas.

* Para nosso destino

Então restava agora chegar em Mendoza, a capital argentina do vinho, distante mais de 200 km da fronteira.

Com certeza muitas surpresas nos aguardavam, mas essa história fica para o próximo capítulo…

* Síndrome de avestruz….

Muita gente reclamando de que na tv agora só passa reportagem sobre a tragédia. O que se ouve é “não se fala em outra coisa…”, ou “chega de falar em tragédia, chuva, enchente…”, “não aguento mais ouvir falar em desgraça…”, “não dá mais para ligar a tv ou o rádio…”, e por aí vai…

Mas queriam o que? Que os meios de comunicação simplesmente deixassem de tratar do assunto? Que passassem a agir como se nada tivesse acontecido ou acontecendo? Que se voltasse à normalidade, quando nada está normal? (e acho eu nada mais será “normal” como antes)

Por que se preocupar com a realidade se podemos enfiar a cabeça num buraco e fazer com que as coisas ruins desapareçam, hein? Hã?

Por favor, vamos se respeitar!!!!

* Choque

Participei esta semana do início do processo de limpeza de uma residência que ficou totalmente encoberta pelas águas da enchente.

Só quem vivenciou esta experiência pode fazer uma mínima ideia das dificuldades que estão por vir. Os meios de comunicação, por mais completa e honesta que seja sua abordagem sobre os fatos, não conseguem traduzir o que a gente vê, seja com relação às perdas que ocorreram, seja no que diz respeito à enormidade do trabalho que deverá ser desenvolvido para uma recuperação minimamente razoável desses imóveis e dos bens (reaproveitáveis, pois a maioria foi perdida). Desespero e desesperança não serão sentimentos desmedidos em tempos atuais. Não mesmo!

Fé, força, esperança e respeito. Eis aí o que, neste momento, poderá fazer a diferença.

Bom fim de semana, apesar dos pesares, e até à próxima, se Deus quiser.

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