Bom dia amigos leitores.
E o assunto não pode ser outro.
* Os governos federal e estadual decretaram “estado de calamidade pública” por causa da epidemia de coronavírus. A proporção da doença está se agigantando e parece que o sr. mandatário mor da nação, assim, com letra minúscula, resolveu encarar o problema com um pouco mais de seriedade. Não era de se esperar o contrário, pois o ômi usou a expressão histeria para classificar a grande preocupação e empenho dos mais diferentes setores da saúde pública nacional na mobilização de esforços para minimizar o avanço da doença. Corroborando essa postura insidiosa, classificou de inconvenientes a iniciativa de muitos governadores no mesmo sentido, pois isso iria prejudicar a economia; sem dizer que em plena campanha para que as pessoas fiquem em casa e evitem o contato físico público, foi para os braços dos simpatizantes, contrariando a mais elementar das normas de segurança higiênica. Não é à toa que os meios científicos estabeleceram como elemento fundamental para combater o avanço da pandemia a ignorância. Mas uma pergunta não quer calar: poderíamos esperar algo diferente desse senhor? Ninguém pode dar o que não tem!
* Meu medo, que não é medo, mas expectativa de coisas ruins, não é a decretação do estado de calamidade em si, mas o que podem fazer com os poderes que advirão dessa decretação. O Estado de Direito periclita.
* Outro dia um pai me interpelou na rua: “_ greve de novo, né professor! Já não bastou o tempo que vocês deixaram nossos filhos em casa no ano passado criando um monte de problemas e agora vão parar de novo, né!” Obviamente que o que eu pude fazer foi rir; e lamentar. É como se costuma dizer: “a desinformação afirma e conclui, a sabedoria questiona e duvida, a sensatez reflete…”.
* Por falar em rir, é impressionante como se propagam um sem-número de bobagens sobre a COVID19. São muitas fakes do coronavírus que estão circulando com muito sucesso nas redes sociais: suco de abacaxi quente e água de coco quente ajudam a combater o vírus; tirar a barba e o bigode aumenta a eficiência das máscaras de proteção, kkkkkkkkk. Sobre isso, foi constrangedora a briga do presidente e do ministro com suas máscaras de proteção quando falavam em rede nacional, ao vivo e a cores. Poderiam ter feito um treininho básico antes para não passar vergonha.
Outras fakes são surreais: o governo chinês quer matar 20 mil pacientes com coronavírus para evitar que se tornem disseminadores da doença, tendo, inclusive, pedido autorização para a ONU; dizem que cocô de gato torrado (o gato ou o cocô torrado?) combate o vírus, e que esterco e urina de vaca prenha também (querédo!); falam que álcool gel não funciona (?); sabia que fazer sexo com animais selvagens não transmite coronavírus (eita!)? Ah, uma ressalva: o cara não pode beijar o animal na boca, pois aí já sabe, né… E eu que nem ouvi dizer que isso transmitia o vírus… Gentes, o troço que parece absurdo cai na crença de muita gente.
*O interessante nesse processo de luta entre o que é verdade e o que não é, é que as pessoas tem uma irresistível disposição para aceitar como verdade ou como possível o que qualquer cachorro sarnento diz sobre a doença, dando origem às mais questionáveis e infundadas teses, e, em contrapartida, rejeitam ignobilmente o que é dito por médicos e cientistas. O que o meu vizinho, ou meu conhecido, ou meu parente, ou meu amigo disse é possível e quase verdade; o que os especialistas dizem é bobagem, não tem fundamento ou não merece crédito, devendo ser visto com muita desconfiança.
* Ahahahah. Ainda estou rindo do fazer sexo com animais selvagens, imaginando o cara agarrado num porco espinho ou num zurilho…
Chega de popagens! Bom fim de semana e até a próxima, se Deus quiser. E abre o olho que o vírus te pega. A coisa é séria! Mais séria do que muitos pensam. Quem sobreviver verá!
* PS: não estamos de férias, mas sim em período de contenção da propagação de doença, onde o isolamento social e o combate à ignorância, no sentido de desconhecimento, são as melhores formas de nos prevenirmos.