sexta-feira, junho 6, 2025
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Trigo no RS: Chuva Atrasa, Mas Lavouras Estabelecidas Mostram Bom Desenvolvimento

O plantio de trigo no Rio Grande do Sul enfrenta um ritmo lento nesta safra, impactado pelo excesso de umidade no solo e pelas chuvas intensas. De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado nesta quinta-feira (05/06), apenas uma pequena parcela da área projetada para a cultura foi semeada. Agricultores aguardam melhores condições climáticas para dar continuidade à operação, e a situação já aponta para erosão do solo em algumas áreas. O cenário é de cautela, com redução da área cultivada em relação à safra anterior e maior uso de sementes salvas.

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Apesar dos desafios iniciais na semeadura, as lavouras de trigo já implantadas apresentam um desenvolvimento vegetativo satisfatório. As expectativas de produtividade para o período se mantêm dentro dos parâmetros esperados, trazendo um alívio em meio às adversidades climáticas.

Cenário regional e outras culturas de inverno

O ritmo do plantio de trigo varia consideravelmente pelo estado. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, a semeadura deve começar na próxima semana em municípios de menor altitude, enquanto nas áreas dos Campos de Cima da Serra, que concentram a maior parte da produção de trigo da região, o plantio está previsto para julho. Já em Santa Rosa, apenas 10% da área foi semeada, mas as lavouras já estabelecidas estão em desenvolvimento vegetativo satisfatório, com estimativa inicial de produtividade de 3.240 kg/ha. Em Soledade, a semeadura também atingiu 10% da área, podendo se estender até 20 de julho, conforme o Zoneamento Agrícola.

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A área cultivada com trigo na Safra 2024 foi de 1.331.013 hectares, com produtividade de 2.781 kg/ha, segundo o IBGE. A Emater/RS-Ascar está realizando o levantamento de intenção de plantio e a estimativa de produtividade para a Safra 2025, incluindo também aveia branca, canola e cevada, dados que serão apresentados nas próximas semanas.

Outras culturas de inverno: desafios e perspectivas

Aveia branca: O excesso de umidade tem dificultado o plantio da aveia branca em algumas regiões. No entanto, as lavouras já implantadas apresentam desenvolvimento vegetativo satisfatório, com boa uniformidade de estande e ausência de problemas fitossanitários. A cultura mantém um potencial produtivo adequado, sendo uma alternativa importante para o inverno. Na Safra 2024, a área cultivada foi de 368.450 hectares, com produtividade de 2.196 kg/ha.

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Canola: A canola segue como uma importante opção para a safra de inverno, com cenário diversificado entre as regiões. O avanço da semeadura depende de condições climáticas favoráveis, mas em algumas áreas, como a de Frederico Westphalen, mais de 60% da área estimada já foi semeada, com previsão de aumento de 80% na área cultivada. Em Santa Maria, a estimativa é de aumento de 18% na área, e em Tupanciretã, cerca de 90% dos 19 mil hectares previstos já foram semeados. A área cultivada com canola na Safra 2024 foi de 147.879 hectares, com produtividade de 1.417 kg/ha.

Cevada: A semeadura da cevada está em fase inicial ou de preparo. Embora seja uma cultura de menor expressão no estado, projeta-se expansão da área cultivada em alguns municípios, como em Erechim, onde a expectativa é de 672 hectares, um aumento de 51% em relação à safra passada. Produtores na região de Ijuí estão preparando áreas para a indústria cervejeira, e os cultivos para alimentação animal apresentam bom desenvolvimento. Na Safra 2024, a área cultivada com cevada foi de 35.036 hectares, com produtividade média de 3.115 kg/ha.

Ervilhaca: As lavouras de ervilhaca semeadas em março e abril em Santa Rosa apresentam bom desenvolvimento e cobertura do solo. As semeaduras mais tardias estão em fase de germinação e estabelecimento inicial, e as chuvas recentes não causaram danos significativos devido ao porte das plantas.

Pastagens e criações: umidade desafia, mas sol traz melhorias

O início do período foi marcado por condições desfavoráveis para o desenvolvimento das pastagens de aveia e azevém, com o excesso de umidade limitando o crescimento das forrageiras. Contudo, o retorno de dias ensolarados trouxe uma melhora significativa nas condições das pastagens, e em áreas de integração lavoura-pecuária já se observa rebanhos em pastagens bem estabelecidas.

Regionalmente, em Erechim, as temperaturas baixas e geadas após a chuva afetaram as pastagens. Em Ijuí, a alta umidade do solo tem dificultado o pastejo, causando amassamento e arrancamento de plantas, especialmente nas pastagens em estágio inicial. Já em Pelotas, o plantio de pastagens de inverno avançou após o atraso por falta de umidade, enquanto as pastagens nativas mostram redução na oferta devido às geadas. Em Porto Alegre, algumas propriedades mantêm os rebanhos em pastejo em pastagens permanentes, e as pastagens de inverno implantadas já começam a permitir a entrada dos animais.

Saiba Mais:

Estratégias para Mitigar Impactos da Umidade Excessiva na Agricultura Gaúcha

Diante do cenário de excesso de umidade e chuvas intensas no Rio Grande do Sul, os produtores rurais precisam adotar estratégias eficazes para mitigar os impactos negativos nas lavouras e pastagens. A resiliência e a adaptação são cruciais para garantir a produtividade e a sustentabilidade no campo.

Confira as principais estratégias que podem ser adotadas:

Diante da persistência de chuvas e umidade elevada no Rio Grande do Sul, produtores rurais precisam adotar medidas proativas para proteger suas lavouras e pastagens. A Emater/RS-Ascar e especialistas no setor indicam diversas estratégias cruciais:

1. Manejo Inteligente da Água no Solo

Priorizar a drenagem eficiente em áreas suscetíveis a alagamentos, seja através de sulcos, canais ou sistemas subterrâneos. A manutenção de plantas de cobertura é vital, pois elas auxiliam na absorção da umidade e melhoram a estrutura do solo, minimizando a erosão e favorecendo a infiltração de água.

2. Planejamento do Plantio e Seleção de Culturas

É fundamental acompanhar de perto as previsões climáticas e o zoneamento agrícola, ajustando o calendário de semeadura para períodos mais favoráveis. A escolha de cultivares tolerantes à umidade ou com ciclos mais curtos pode ser decisiva. Além disso, o tratamento de sementes com fungicidas e o manejo integrado de plantas daninhas são essenciais para proteger as lavouras.

3. Fortalecimento da Saúde das Plantas

Uma adubação equilibrada é crucial para fortalecer as plantas, tornando-as mais resistentes ao estresse hídrico. O monitoramento fitossanitário deve ser intensificado para combater doenças foliares e radiculares, que prosperam em ambientes úmidos, e a aplicação preventiva de fungicidas pode ser necessária.

4. Manejo Otimizado de Pastagens e Rebanhos

Para as pastagens, a rotação de piquetes ajuda a evitar o pisoteio excessivo e o amassamento do solo. É importante oferecer áreas de refúgio para os animais em dias de chuva intensa e, se necessário, complementar a alimentação com suplementação. A atenção à saúde animal também deve ser redobrada para prevenir parasitas e doenças.

5. Preparação para o Futuro e Diversificação

Considerar a diversificação de culturas de inverno, como aveia branca, canola e cevada, pode oferecer mais segurança e opções de renda. A longo prazo, investimentos em infraestrutura de drenagem e técnicas de conservação do solo são fundamentais. Por fim, a contratação de seguro agrícola é uma medida inteligente para proteger contra perdas financeiras decorrentes de eventos climáticos extremos.

Ao adotar essas estratégias de forma integrada, os produtores rurais gaúchos podem não apenas mitigar os impactos das condições climáticas adversas, mas também fortalecer a resiliência de suas atividades agrícolas e pecuárias.

 

 

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