sexta-feira, maio 2, 2025
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Tragédia climática: um ano depois 
Antes e depois: cicatrizes, reconstrução e memória um ano após a maior enchente da história do Rio Grande do Sul





Tragédia afetou 478 municípios gaúchos e deixou um saldo de 184 mortos, com 25 desaparecidos

Rosibel Fagundes

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Há exatamente um ano, o Rio Grande do Sul amanhecia devastado por uma das maiores catástrofes climáticas já registradas no Brasil. No dia 1º de maio de 2024, o estado se via submerso por águas que arrastaram casas, destruíram estradas, desestabilizaram encostas e causaram a morte de centenas de pessoas. A tragédia deixou um saldo de 184 mortos, com 25 pessoas desaparecidos, mais de 800 feridos e quase 200 mil desalojados ou desabrigados.

As enchentes atingiram 478 dos 497 municípios gaúchos, afetando cerca de 2,4 milhões de pessoas. A devastação foi generalizada: escolas, hospitais, igrejas, praças, prédios públicos e residências foram submersos. Com pontes e estradas levadas pela força das águas. Na capital, Porto Alegre, o nível do Guaíba alcançou impressionantes 5,37 metros, enquanto a infraestrutura de transporte também foi severamente comprometida. O Aeroporto Salgado Filho permaneceu fechado por sete meses, e a rodoviária ficou mais de um mês inoperante. Já os trens da Trensurb só voltaram a operar plenamente em dezembro de 2024.

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Processo de Reconstrução:  pausa para lembrar e agradecer

Um ano após o desastre, os municípios ainda enfrentam desafios significativos para restaurar infraestrutura, moradias e atividades econômicas. Em meio ao processo de reconstrução, alguns municípios também fizeram pausas para lembrar, agradecer e homenagear os que resistiram — e os que se foram.

Em Sinimbu, no Vale do Rio Pardo, um dos primeiros municípios a ser afetado pela enchente, e que sofreu perdas imensuráveis: mais de 120 estabelecimentos comerciais, representando cerca de 90% do comércio local, ficaram completamente destruídos, resultando em graves prejuízos econômicos e comprometendo o abastecimento da região. Além disso, todos os prédios públicos da cidade – escolas, postos de saúde, supermercados, farmácias, e parte do hospital – foram danificados, uma cerimônia especial  realizada na tarde de quarta-feira, 30 de abril. Exatamente às 15h30 — mesmo horário em que a enchente atingia seu pico na cidade um ano antes. A Praça do Monumento ao Imigrante reuniu moradores, autoridades e representantes de forças de segurança em um tributo emocionante à solidariedade que tomou conta da cidade em 2024.

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O evento teve celebração ecumênica conduzida pelo padre Leão Gomes da Silva, da Paróquia Nossa Senhora da Glória, e pelo pastor Jair Quinot, da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana. A cerimônia também contou com apresentação da banda do 7º BIB, a execução do Hino de Sinimbu pela jovem Rafaela Vitalis, e a performance do grupo “Elas Violão em Canto”. O prefeito Wilson Molz destacou que, apesar da destruição, a tragédia revelou o melhor das pessoas: “Veio lama, entulhos, mas também amigos. Vimos coisas extraordinárias, uma avalanche de apoio, por isso não cansamos de agradecer”. Durante o evento, foi assinado o contrato com a FG Construtora, responsável pela restauração da Ponte Centenária, conexão vital entre a cidade e o interior.

Em Lajeado, no Vale do Taquari, uma celebração ecumênica realizada na noite da última segunda-feira, 28 de abril, marcou com emoção o primeiro ano da maior tragédia climática da história gaúcha. A cerimônia ocorreu na Igreja Matriz Santo Inácio de Loyola, com a presença de fiéis, familiares de vítimas, autoridades e voluntários. O município foi um dos mais duramente atingidos pela enchente.

Durante a celebração, destacaram-se os depoimentos do pároco Roni Fengler e do padre Rogério Kunrath, da Paróquia São Cristóvão. Ambos ressaltaram a força da fé, da esperança e da solidariedade que floresceram mesmo entre os diretamente atingidos pela tragédia. A cerimônia reforçou o papel central da união comunitária e do auxílio mútuo na superação do trauma coletivo.

Recuperação de alguns municípios no Vale do Taquari

A Região do Vale do Taquari, foi a mais afetada pelas enchentes de maio de 2024. Em Arroio do Meio, o Rio Taquari subiu 31,2 metros, e em Muçum, a cheia ultrapassou os 25 metros. A destruição foi tão intensa que o bairro Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul, foi praticamente varrido do mapa. O trabalho de recuperação está em andamento, com a construção de um Parque Linear Memorial e a criação de uma nova área habitacional no Novo Passo de Estrela, que receberá 200 novas casas com o apoio do governo estadual.

Muçum, outra cidade severamente afetada, já reconstruiu a ponte Brochado da Rocha, que liga o município a Roca Sales. A obra, que custou R$ 10 milhões, é um símbolo da recuperação da infraestrutura da cidade.

Em Arroio do Meio, a cidade teve diversos bairros destruídos pela cheia. Foram mais de 13 mil pessoas fora de suas casas, sendo 1,4 mil desabrigadas. A ponte entre Lajeado e Arroio do Meio, destruída pelas enchentes de 2024, foi reconstruída e inaugurada em 10 de abril de 2025.

A região recebeu R$ 150 milhões de investimentos do governo do Estado. Dentro do eixo de reconstrução do Plano Rio Grande, a Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária (Sehab) executa o programa A Casa é Sua.  Além das 264 habitações temporárias já entregues (40 em Arroio do Meio, 80 em Encantado, 58 em Cruzeiro do Sul e 86 em Estrela), com um investimento de R$ 35,2 milhões, a região também receberá 700 casas definitivas.

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