Uma comissão temporária foi criada para discutir e avançar na ideia da construção de uma barragem/contenção de água no Arroio Castelhano. O grupo é composto por representantes do Executivo Municipal, através das Secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural, além da Defesa Civil, Emater/RS-Ascar, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Legislativo e produtores de arroz.
A alternativa foi levantada em reunião realizada na tarde desta quarta-feira, 9, entre Poder Público, Corsan e arrozeiros. Com foco na conscientização racional da água do Arroio Castelhano, o encontro serviu para os cerca de 30 produtores presentes explanarem sobre a forma com que vêm utilizando o recurso natural.
De acordo com alguns depoimentos, a estiagem que assola muitos municípios do estado, entre eles Venâncio, também já afeta a produção de arroz. “Esta é a fase em que a planta precisa mais água para se desenvolver, então abastecemos a lavoura, mas o sol faz com que a água evapore muito depressa. Mas isso não significa que todos os dias bombeamos milhares de litros para as plantações. Pois o sistema funciona como açudes, uma vez cheio, a água dura por um bom tempo, ela fica armazenada”, destacou o produtor de Linha Arroio Grande, Daniel Kessler. Outros arrozeiros também enfatizaram que nunca faltou água no Castelhano e que não são culpados pela falta de abastecimento de residências no município.
O Secretário Municipal de Segurança Pública e Coordenador da Defesa Civil no Município, Dário dos Santos Martins, enfatizou que “A intenção não é sair multando, lacrando bombas. Sabemos que vocês atuam dentro das regras, com as licenças do Estado tudo em dia. Também sabemos do alto custo de uma propriedade e lavoura de arroz. Mas a falta de chuva, que deve persistir neste mês tem assustado a população e por isso precisamos discutir o uso racional da água, sem desperdícios.” Na mesma linha, o Secretário Municipal de Meio Ambiente, Clóvis Schwertner, destacou que a água, tão essencial para todas as espécies e culturas, principalmente na agricultura, precisa ser preservada hoje, para não faltar amanhã para nossas futuras gerações. “Precisamos de renda, mas precisamos cuidar dos nossos recursos naturais. Se não fizermos nossa parte hoje, quem vai pagar essa conta serão nossos filhos e netos”.
Menos água e maior produção
Segundo o técnico agrícola da Emater de Venâncio, Luís Antônio Marmitt, lembrou que uma visita técnica feita em 1996 a Santa Catarina por um grupo de 30 arrozeiros e técnicos agrícolas, onde conheceram o sistema de plantio de arroz pré-germinado, está dando frutos atualmente. “Naquela época eram utilizados cerca de 12 mil litros de água por hectare, hoje são cerca de cinco mil por hectare. E, além disso, ainda tivemos um aumento na produção de 60/80 sacos por hectare para 160 sacos. Ou seja, diminuiu-se mais de 50% o uso de água e dobrou a produção.”
Marmitt ainda ressalta que “naquela época tínhamos uma população, hoje ela é bem outra, aumentou muito. Por isso é preciso que cada vez mais se avance e se trabalhe em conjunto para ninguém sair prejudicado. Temos que estar unidos, por exemplo, a Corsan pode nos manter informados do nível da água, os próprios arrozeiros sei que se comunicam para não tirarem água do Arroio todos no mesmo dia e tem funcionado bem; ou seja, temos que avançar e pensar em um plano B para prevenir e não sermos pego de surpresa em um momento crítico”.
Desta forma, os participantes do encontro optaram pela criação de um grupo que passa a lapidar a ideia de uma construção de barragem ou contenção de água. “A região que mais nos preocupa é a de Arroio Grande, onde é captada a maior parte da água, a mesma que vai para o abastecimento da cidade”, acrescentou Marmitt. Segundo ele, antes do ponto de captação da água do Castelhano no Grão Pará são cerca de 15 arrozeiros, que juntos somam cerca de 300 hectares de plantio de arroz. O grupo volta a se reunir em fevereiro e é composto pelos produtores: Erick Gava, de Linha Taquari Mirim; André Pereira, de Picada Nova; Daniel Kessler, de Linha Arroio Grande; e Fabiano Schimuneck, de Linha Hansel; além de responsáveis das pastas de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural; do representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Gilmar Rodrigues de Oliveira; do Vereador Ezequiel Stahl; e da Emater.
Crédito: Texto e foto: Vanessa Behling/AI PMVA