domingo, maio 19, 2024
InícioSaúdeTelemedicina e inovação são legados da pandemia e os caminhos para o...

Telemedicina e inovação são legados da pandemia e os caminhos para o atendimento em saúde com amplo acesso

Especialistas internacionais defendem a prática em evento internacional promovido pelo Hospital Moinhos de Vento e Ministério da Saúde

- Publicidade -

 

Há 150 anos, o telégrafo era usado para orientar o socorro médico a um operário ferido numa região remota e para que um homem à beira da morte se despedisse da sua esposa que estava dois mil quilômetros distante. São os registros mais antigos da telemedicina na Austrália, país que hoje possui um sistema digital com pleno acesso dos pacientes e profissionais de saúde. Em todos os estados do país, a rede de atendimento tem uma base de diagnósticos e prontuários eletrônicos com registros de todos os pacientes.

“A telessaúde, se utilizada desde a atenção primária, amplia o atendimento e reduz a sobrecarga sobre o sistema. O paciente não precisa ir ao consultório diversas vezes ao longo do ano para o acompanhamento de uma doença crônica, por exemplo”, explica Alan Taylor, vice-presidente da Australasian Telehealth Society. Pesquisador dessa modalidade, ele elogia a telemedicina no Brasil e destaca programas como o Teleoftalmo e o TeleUTI. “É impressionante a tecnologia usada para os atendimentos remotos pelo SUS. É preciso manter iniciativas desse tipo e ampliar o financiamento da telessaúde para que todos os brasileiros tenham acesso ao atendimento, com tecnologia e presencialmente quando necessário”, conclui.

- Publicidade -

Adriana Melo Teixeira, diretora do Departamento de Atenção Hospitalar e Urgência do Ministério da Saúde, reforça que a tecnologia e a inovação compõem o caminho para proporcionar equidade e atendimento pleno à população. “A telemedicina proporciona um atendimento mais eficiente, especialmente na ponta, nas comunidades mais remotas e carentes. Aquele clínico que está num local onde não tem um especialista ou uma infraestrutura mais completa recebe orientação para otimizar os recursos dos quais dispõe e buscar os melhores resultados”, explica.

Alan e Adriana foram convidados do 1º International Innovation Telemedicine Summit, evento online realizando no último fim de semana, que debateu a expectativa de um futuro cada vez mais digital e as perspectivas de avanços e inovações em saúde. Promovido pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), a iniciativa reuniu grandes especialistas internacionais e nacionais para o compartilhamento de experiências.

 

- Publicidade -

Práticas, vantagens e desafios

Os especialistas convidados para os debates trouxeram experiências de diversos países do mundo. Além da Austrália e da Nova Zelândia, sistemas de telessaúde em operação há mais tempo que no Brasil — como da Holanda, Índia e Argentina — também foram apresentados.

O médico e pesquisador holandês Dirk Peek falou sobre as melhorias que o uso da tecnologia promoveu no atendimento. Como exemplo está  o socorro mais rápido em casos de emergência, como AVC e infarto, com a orientação do profissional que está mais próximo do paciente até o deslocamento até o hospital, triagem mais eficiente dos casos, reduzindo filas e evitando superlotação, qualificação do cuidado à distância com o monitoramento de condições como pressão, saturação, etc, e geração de alertas quando há a necessidade do acompanhamento presencial.

Na Argentina, a prática da telessaúde Hospital Pediátrico Garrahan reduziu para menos de duas horas o tempo de resposta entre o momento que o paciente aciona o serviço até o atendimento. Diagnóstico e encaminhamentos necessários são feitos conforme avaliação médica. Antonio Luna, coordenador de Redes e Comunicação à Distância da instituição salienta que, com a pandemia, foram realizados 40 mil atendimentos. A maior parte sem necessidade de deslocamento até o hospital.

Enquanto isso, o coordenador nacional da Rede Universitária de Telemedicina (Rute), Luiz Ary Messina destacou os dois maiores desafio no Brasil: ampliar a conectividade e qualidade da conexão nos locais mais remotos, especialmente no Norte, Centro-Oeste e interior do Nordeste e formar profissionais da saúde com a cultura da prática da telessaúde. “A pandemia fez todo mundo enxergar e ter de se adaptar. Até agora os alunos dos cursos da área da saúde não conheciam a telemedicina. Essas práticas não estavam sendo passadas aos acadêmicos e a resistência, há 20 anos, nos impediu de avançar mais. É nas universidades, no ensino e na pesquisa, que está a base”, pontuou.

Messina e os outros especialistas ressaltaram que os hospitais públicos brasileiros avançaram muito, com tecnologia muito superior à utilizada em outros países. Mas a burocracia, dificuldade de regulamentação e até mesmo uma resistência dos próprios profissionais atrasou um processo que já poderia garantir amplo acesso da população e a solução de muitos gargalos da do atendimento em saúde.

 

Experiências bem-sucedidas

Em parceria com o Ministério da Saúde, o Hospital Moinhos de Vento desenvolve dois projetos de telemedicina, que são referência internacional. Lançado em 2017, o TeleOftalmo conecta os profissionais da instituição com consultórios de várias regiões do Estado. Em três anos, foram mais de 30 mil atendimentos e mais de 10 mil óculos entregues à população. O TeleUTIP tem ajudado a qualificar o serviço de terapia intensiva pediátrica em hospitais do Ceará, do Rio de Janeiro e de Tocantins. Desde o início do trabalho, foram mais de 7.500 atendimentos, salvando 649 vidas.

Em 2020, com a pandemia, a experiência do TeleUTIP levou à criação do TeleUTI, para auxiliar os serviços de terapia intensiva no enfrentamento da COVID-19. “Sentimos a necessidade de tornar a telemedicina uma rotina cada vez maior em nossos serviços. De Bagé, aqui no Rio Grande do Sul, a Santarém, no Pará, conseguimos reduzir pela metade o tempo médio de internação de pacientes graves internados com a doença, em UTIs de sete hospitais SUS”, celebrou Felipe Cezar Cabral, coordenador médico de Saúde Digital no Hospital Moinhos de Vento.

A instituição também reforçou sua estrutura, permitindo realizar mais de 15 mil atendimentos médicos remotos para pacientes e colaboradores. Além disso, avançou no projeto Regula Mais Brasil, iniciativa colaborativa dos cinco hospitais de excelência pelo Ministério da Saúde, que utiliza a telessaúde para apoiar médicos das unidades básicas e orientar a regulação das filas para consultas na atenção secundária.

“Nossos profissionais estão atendendo pacientes do Recife nas especialidades de Cardiologia e Neurologia. Em breve, ampliaremos para a saúde mental. Com os teleatendimentos, estamos conseguindo reduzir a espera e oferecer melhores condições à saúde dos pacientes”, reforça Cabral.

A gravação do evento está disponível no canal do PROADI-SUS no Youtube.

 

Televisitas CTI 2

- Publicidade -
MATÉRIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

ÚLTIMAS