Especialista traz recomendações para proteger a população dos efeitos nocivos da fumaça
Rosibel Fagundes
O grande volume de queimadas no país tem pressionado o sistema de saúde e causa preocupação, principalmente com idosos e crianças com problemas respiratórios. O diagnóstico foi feito na segunda-feira, 09, pela ministra da Saúde, Nísia Trindade. “Há um impacto forte no sistema de saúde, nas unidades de saúde, uma maior procura e, principalmente, uma preocupação não só com os efeitos de curto prazo, mas também de médio prazo na saúde das pessoas”, disse a ministra. A grande preocupação são com os idosos e as crianças, em função dos problemas respiratórios.
Em diversas cidades do Vale do Rio Pardo, o céu cinzento e o sol avermelhado dos últimos dias confirmam a mudança na qualidade do ar, reflexo do avanço das fumaças dos incêndios que atingem o centro-oeste do país e países vizinhos, como Argentina, Bolívia e Paraguai. De acordo com o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o país iniciou o mês de setembro com mais de 154 mil focos de calor registrados no ano. A Amazônia concentra 42,7% dos focos.
O pneumologista, Carlos Eurico Da Luz Pereira, que atua em Santa Cruz do Sul, alerta que as queimadas e todo esse material causam danos à saúde. Segundo ele, quem está nas áreas onde acontece as queimadas, sofre com a exposição aos gases no círculo. Mas, no nosso caso, que estamos mais distantes das áreas das queimadas, o que chega é a fuligem. Material que estamos observando no ar e respirando aqui no Sul. A fuligem também chamada de material particulado, possui dois tamanhos — PM10, que seria de 10 micrômetros, e PM2,5, 2,5 micrômetros, como explica.
“O de 2,5, que é o tamanho menor de partículas, penetram profundamente nas vias respiratórias e causam maior risco à saúde humana. Até cem vezes o nível considerado seguro desse material particular, dessa fuligem. O material particular significa, praticamente, a partícula sólida da poluição. Porque a poluição tem a parte dos gases e a parte sólida. Nesse caso, o que a gente está recebendo as queimadas, é a parte sólida. E isso pode causar problemas na saúde, especialmente em idosos e crianças, e nas aquelas pessoas que já têm doenças crônicas respiratórias, como asma, bronquite e enfisema. E, em as pessoas que têm doenças cardíacas”, explica.
Algumas ações preventivas, por menores que possam parecer, são importantes para prevenir futuros problemas de saúde, principalmente os respiratórios. O pneumologista afirma que os cuidados devem ser tomados pelas próprias pessoas, já que o problema está na atmosfera.
“Deve –se evitar praticar esportes ao ar livre nesse momento, especialmente em períodos que têm mais pico de poluição ou de presença de fuligem. Se hidratar bastante, tomar bastante líquido e, se possível, em situações em que a fuligem está muito forte, o ideal seria até usar máscaras. Essas máscaras cirúrgicas protegem um pouco, mas o ideal seria aquelas máscaras tipo N95, PFF, a bico de pato, que são as máscaras que realmente protegem contra essas partículas tão pequenas. Mas principalmente é evitar”, afirma.
Chuva negra
Outro fenômeno que tem se observado em algumas cidades do Rio Grande do Sul, em decorrência das queimadas é a chuva negra. O evento é causado por fuligem e partículas de fumaça provenientes de queimadas e incêndios florestais, que se misturam à água da chuva. Os relatos são de cidades como Arroio Grande, São Lourenço do Sul, Pelotas e São José do Norte, teria acontecido na segunda-feira, 09.