O mundo amanheceu em luto nesta segunda-feira, 21 de abril. O Papa Francisco, líder da Igreja Católica desde 2013, faleceu aos 88 anos, em sua residência oficial no Vaticano, em decorrência de complicações causadas por uma pneumonia dupla. Nascido Jorge Mario Bergoglio, o pontífice argentino era natural de Buenos Aires e foi o primeiro papa vindo da América Latina, além de também ser o primeiro jesuíta a ocupar o trono de Pedro. O anúncio foi feito às 7h35 (horário local) pelo camerlengo da Santa Sé, cardeal Kevin Joseph Farrell, durante pronunciamento na Capela da Casa Santa Marta.
Seguindo o Ordo Exsequiarum Romani Pontificius, as cerimônias fúnebres começaram com o Rito de Constatação — ato solene que confirma oficialmente o falecimento do pontífice. Nesta quarta-feira, 23 de abril, o corpo será trasladado da Casa Santa Marta até a Basílica de São Pedro, onde os fiéis poderão prestar suas últimas homenagens durante a visitação pública.
A Missa de Exéquias será celebrada no sábado, 26 de abril, às 10h (horário de Roma), na Praça de São Pedro. A celebração será presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, e deverá reunir milhares de fiéis, líderes religiosos e autoridades civis de diversos países. O rito incluirá leituras em diferentes idiomas, cantos litúrgicos e a ladainha dos santos. Após a missa, o corpo será sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em cumprimento ao desejo de Francisco.
Missas de sufrágio e homenagens ao Papa
A comoção pela morte do Papa Francisco também mobilizou a Igreja no Brasil. Na Catedral São João Batista, em Santa Cruz do Sul, Dom Aloísio Alberto Dilli, bispo Emérito, celebrou uma missa de sufrágio no fim da tarde da segunda-feira, 21 de abril, em memória da alma do Santo Padre. Já na quinta-feira, 25, às 18h15, será a vez de Dom Itacir Brassiani, bispo Diocesano, presidir uma celebração especial pela vida e missão de Francisco.
Atendendo à orientação da Diocese, todas as paróquias foram convidadas a tocar os sinos ao meio-dia e novamente às 18h de segunda-feira,21, como sinal de luto e reverência. As comunidades têm organizado celebrações conforme suas programações locais, oferecendo missas em ação de graças pela vida, ministério e testemunho do Papa Francisco, reconhecido como um pontífice profundamente conectado ao povo, especialmente aos pobres e marginalizados.
A última mensagem do Papa
Mesmo debilitado, o Papa dirigiu-se ao mundo uma última vez no Domingo de Páscoa. A mensagem, lida pelo monsenhor Diego Ravelli, destacou o apelo à paz e à dignidade humana:
“Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento! A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se numa corrida generalizada ao armamento.”
E completou:
“Que o princípio da humanidade nunca deixe de ser o eixo do nosso agir quotidiano. Perante a crueldade dos conflitos que atingem civis indefesos, atacam escolas e hospitais e agentes humanitários, não podemos esquecer que não são atingidos alvos, mas pessoas com alma e dignidade.”
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifestou-se em nota oficial:
“Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”
Dom Itacir Brassiani, bispo de Santa Cruz do Sul, declarou:
“A notícia não nos entristece, porque uma vida tão honrada, tão bela, tão corajosa, tão sinodalmente cristã não deve deixar tristeza, mas gratidão. Seus pronunciamentos corajosos e atitudes diante da opressão e das injustiças causaram calafrios em alguns cristãos e cidadãos, mas esperança em muitos outros.”
Já Dom Aloísio Alberto Dilli, bispo emérito que se encontrou com Francisco em 2022, afirmou:
“Foi um homem que teve um coração aberto para todos, uma pessoa simples e humilde. Estamos em um mundo polarizado e de muitas guerras, e o Papa sempre queria algo diferente. Seu legado será eterno.”
O Conclave se aproxima
Com a morte de Francisco, tem início o Interregno Papal — período de vacância entre pontificados. Durante esse tempo, a administração da Igreja fica sob responsabilidade do camerlengo. Ao todo, 135 cardeais com menos de 80 anos estão aptos a participar do Conclave, que deverá ocorrer nas próximas semanas, na Capela Sistina.
Entre os eleitores, sete são brasileiros: Dom Leonardo Ulrich Steiner (Manaus), Dom João Braz de Aviz e Dom Paulo Cezar Costa (Brasília), Dom Orani Tempesta (Rio de Janeiro), Dom Odilo Scherer (São Paulo), Dom Jaime Spengler (Porto Alegre) e Dom Sérgio da Rocha (Salvador).
Durante o Conclave, os cardeais permanecem isolados do mundo exterior. A cada votação, as cédulas são queimadas em um forno especial. A fumaça preta (*fumata nera*) indica que ainda não há consenso. Quando um dos cardeais recebe dois terços dos votos e aceita o cargo, a fumaça branca (*fumata bianca*) sobe aos céus de Roma, anunciando ao mundo que um novo Papa foi eleito.
Enquanto a Igreja se prepara para esse momento decisivo, os olhos e os corações dos fiéis se voltam para a Praça de São Pedro — em memória de um pontífice que marcou sua época com compaixão, coragem e humildade.