Rosibel Fagundes
O Rio Grande do Sul enfrenta um dos cenários mais críticos relacionados à gripe (influenza) dos últimos anos. Somente nas primeiras semanas de maio de 2025, o estado já somou 594 internações por complicações da doença, o maior número em três anos, segundo o Painel de Monitoramento da Secretaria Estadual da Saúde (SES). O total já supera os casos registrados no mesmo período em 2023 (417) e em 2024 (333).
No acumulado do ano, 96 mortes por influenza foram confirmadas no estado. A situação acende um alerta ainda maior devido à baixa cobertura vacinal, especialmente entre os grupos prioritários que são crianças, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades. Segundo a SES, quatro em cada cinco pacientes hospitalizados com gripe em 2024 não estavam vacinados.
Situação no Vale do Rio Pardo
No Vale do Rio Pardo, a 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) recebeu, até meados de maio, 30.950 doses da vacina contra a gripe para distribuição entre os 13 municípios da região, incluindo Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Vera Cruz, Passo do Sobrado e Vale Verde. Apesar do volume significativo de doses, a adesão à vacinação segue aquém do ideal.
A média estadual de cobertura vacinal entre os grupos prioritários é de 38,2%, superior à nacional (32,4%), mas ainda distante da meta de 90% estipulada pelo Ministério da Saúde. No Vale do Rio Pardo, municípios como Santa Cruz do Sul apresentam uma taxa de cobertura inferior a 40% entre crianças e gestantes, conforme dados regionais parciais divulgados pelas secretarias municipais de saúde.
A secretária de Saúde de Venâncio Aires, Cíntia Agostini, já havia alertado que a baixa adesão poderia se refletir em um aumento de internações. “Estamos vendo uma circulação maior do vírus neste ano, e é justamente a população mais vulnerável que ainda não procurou a vacina. É preciso reforçar a conscientização”, afirmou em entrevista recente.
A importância da vacinação
Desde o dia 15 de maio, a vacina contra a gripe foi liberada para toda a população com mais de seis meses de idade no RS. A medida busca ampliar a imunização e conter a crescente demanda nos hospitais, que registram aumento significativo de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG).
Os profissionais de saúde alertam que a vacinação não impede totalmente a infecção, mas é eficaz para reduzir a gravidade dos sintomas, evitar hospitalizações e, principalmente, mortes. A gripe, especialmente causada pelo vírus H1N1, pode evoluir rapidamente em quadros graves, principalmente em pessoas com imunidade fragilizada.
Campanhas de mobilização têm sido realizadas por unidades básicas de saúde e escolas, mas o desafio ainda é grande. Com mais de 1,8 milhão de pessoas não vacinadas entre os grupos prioritários no estado, especialistas reforçam que a vacinação é um ato coletivo de responsabilidade social e essencial para evitar uma crise ainda maior no sistema de saúde nos próximos meses.
Doenças respiratórias pressionam o sistema de saúde
Com a chegada do inverno, o cenário se torna ainda mais preocupante. Além da influenza, há aumento nos casos de vírus sincicial respiratório (VSR) e Covid-19, o que gera sobrecarga nos serviços de saúde e lotação em hospitais públicos e privados.
No Vale do Rio Pardo, hospitais como o Santa Cruz e o São Sebastião Mártir (Venâncio Aires) já relatam alta na procura por atendimentos de sintomas respiratórios, sobretudo em crianças e idosos.