Colheita é retomada, mas há redução ‘drástica’ de qualidade
Rosibel Fagundes
A perspectiva de novo recorde na colheita de soja do Rio Grande do Sul, de colher 22,2 milhões de toneladas, considerando uma produtividade média de 3.329 kg/hectare, ficou para trás. O estado que é o segundo maior produtor do grão no Brasil, com o impacto das enchentes teve perdas que são impossíveis de serem mensuradas com exatidão. São lavouras submersas, e outras parciais, grãos apodrecidos e germinados, o que significa redução na produtividade.
Além das lavouras, existe a preocupação com os silos de armazenamento, muitos foram afetados pelas inundações. Houve ainda a impossibilidade de transporte do produto por causa de danos nas estradas. Um levantamento nas lavouras e nas estruturas de armazenamento só poderá ser realizado nas próximas semanas.
Segundo a Emater, a colheita de soja do Rio Grande do Sul que atingiu 85% da área cultivada no Estado — um avanço de sete pontos percentuais na comparação com o índice de uma semana atrás deverá ser pouca significativa, já que muitas lavouras deverão ser abandonadas em razão da inviabilidade econômica, ou seja, os custos de colheita e de frete, nessas áreas não cobrem os custos da operação. A Emater não especificou as perdas, mas segundo estimativas preliminares de analistas, deve ficar entre 2,5 milhões e 3 milhões de toneladas.
Na propriedade de Flávio Gelsdorf, na Várzea dos Camargo, no interior de Passo do Sobrado, a perca foi significativa. Dos 850 hectares, 190 ainda estão por colher na lavoura que está submersa. Ele desabafa sobre a situação de ver o grão minguar na propriedade e não ter mais como colher.
“Cerca de 160 hectares estão perdidos, não vou nem colocar a colheitadeira lá. Assim que o tempo melhorar, vou ver se é viável ainda colher pelo menos 30 hectares. Eu planto há 35 anos e não lembro de um ano tão difícil como esse. Foi a pior safra”, destaca.