A preservação da biodiversidade agrícola ganhou uma defensora incansável no interior de Passa do Sobrado. Elai de Fátima Lopes Ferreira, moradora de Passo da Mangueira, tornou-se guardiã de sementes crioulas há cinco anos, após participar de um encontro promovido pela Emater/RS-Ascar. Desde então, ela se dedica ao cultivo e à disseminação de variedades tradicionais que carregam história, cultura e resistência.
Hoje, Elai cultiva mais de 50 tipos diferentes de sementes crioulas, incluindo grãos e variedades nativas, tudo sem o uso de agrotóxicos. Ela planta em pequenas áreas, seguindo práticas sustentáveis e cuidados rigorosos, respeitando o ciclo natural das plantas e os saberes ancestrais.
“Mais do que vender, o importante é que essas sementes continuem gerando vida em outros cantos. É isso que me motiva”, afirma.
Sua atuação vai além do campo. Elai participa ativamente dos encontros de sementes crioulas promovidos pela Emater em diversas cidades do estado. Na última edição da Expoagro Afubra, alcançou um marco significativo: vendeu mais de R$ 3 mil em sementes para diferentes regiões do Rio Grande do Sul e também para Santa Catarina. Além disso, levou seu porongo cuia, que foi vendido para um senhor de Pelotas e já ficou acertado o envio de sementes para a cidade de Santiago.
Sementes Crioulas: Patrimônio Vivo
O trabalho de Elai se soma a um movimento maior, impulsionado pela Emater/RS-Ascar, que tem promovido ações para valorizar, preservar e multiplicar sementes crioulas no estado. Esses encontros e feiras não apenas incentivam a troca de sementes, mas também fortalecem a soberania alimentar e a autonomia dos agricultores.
A Emater atua desde a identificação dos guardiões locais até o apoio técnico e logístico para que esses agricultores consigam multiplicar e distribuir suas sementes com qualidade e segurança. Um dos exemplos desse esforço é a Associação dos Guardiões das Sementes Crioulas de Ibarama, fundada em 2008, referência no resgate e conservação dessas variedades.
As sementes crioulas, por serem adaptadas às condições ambientais locais, são fundamentais para a agricultura familiar sustentável. Elas resistem melhor a pragas e mudanças climáticas, além de não dependerem de insumos industriais, o que garante independência aos agricultores e alimentos mais saudáveis à mesa do consumidor.
Próxima Parada: Fenachim
Elai segue seu caminho como multiplicadora de vida e conhecimento. Sua próxima participação será na Fenachim, em Venâncio Aires, nos dias 7, 8 e 9 de maio. Lá, ela levará novamente suas sementes, cuias de porongo e, acima de tudo, sua história de compromisso com a terra e com a cultura rural.
“Cada semente tem uma origem, uma memória. Guardá-las é também guardar o que somos enquanto povo do campo”, conclui Elai, com a firmeza de quem cultiva o futuro com as mãos e o coração.