Há 28 anos, os eleitores brasileiros usam a urna eletrônica para decidir seus representantes políticos. Antes do início da votação, em cada urna eletrônica é impressa a “zerésima”, uma lista com os nomes de todos os candidatos, para mostrar que nenhum recebeu votos e provar, portanto, que a urna ainda não contém nenhum registro. Na sequência, começa o processo eleitoral, com a abertura dos colégios e a chegada dos eleitores horário de votação nas eleições. A partir das 17h, quando termina a votação, o sistema interno de cada urna calcula o total de votos. A urna imprime, em cinco vias, o Boletim de Urna (BU), que informa a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, além dos nulos e em branco. Uma das vias impressas é afixada no local de votação, visível a todos, de modo que o resultado da urna se torna público e definitivo. As outras vias do BU são entregues aos fiscais das agremiações partidárias.
O boletim, antes criptografado, é decifrado pelo TRE e diversas verificações são feitas para garantir a autenticidade do resultado. Caso alguma incongruência seja encontrada, o boletim é descartado. O sistema interno da urna produz um arquivo chamado Registro Digital de Voto (RDV), que é gravado em uma espécie de pen drive, chamado Memória de Resultado, de uso exclusivo da Justiça Eleitoral. A Memória de Resultado de cada urna é levada por um fiscal para um ponto físico com acesso ao sistema do TSE. Ali, os dados são transmitidos por meio de uma VPN (um espécie de túnel digital que cria uma conexão segura pela internet). No TSE, ocorre a soma de todos os votos enviados pelos Tribunais Regionais Eleitorais por meio de um supercomputador, o “Exadata X8 Full Rack”, que permite que o resultado saia poucas horas após o término da votação. Qualquer cidadão pode acessar a plataforma do TSE e acompanhar ao vivo a contagem, por meio dos softwares Divulga e DivWeb.
Urnas mais modernas e inclusivas
Em todo o país, serão utilizadas 571.024 urnas eletrônicas nas Eleições Municipais de 2024. Neste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estreia o modelo 2022 (UE2022), o mais recente desenvolvido pela Justiça Eleitoral. As 219.998 unidades dessa versão começaram a ser fabricadas em maio do ano passado, substituindo as urnas modelo 2011, que já encerraram seu ciclo de vida útil. Além da nova leva, estarão em operação no pleito aparelhos dos anos de 2013, 2015 e 2020.
Todas as urnas eletrônicas contarão com um novo recurso de acessibilidade para pessoas com deficiência visual: a voz sintetizada batizada de “Letícia”. Esse recurso guiará eleitoras e eleitores cegos ou com baixa visão durante a votação. Para utilizá-lo, basta comunicar a deficiência aos mesários, que fornecerão fones de ouvido para uso na cabine, o que garante mais autonomia e sigilo total do voto. Além disso, a urna conta com números em Braille em alto relevo e tradução na Língua Brasileira de Sinais (Libras). A projeção para 2024 é de mais de 1,4 milhão de eleitores com deficiência.