Na sessão da Câmara de Vereadores de Passo do Sobrado, realizada no dia 07 de abril, o presidente da Associação Anjo Azul do Transtorno do Espectro Autista, Everton Moraes, fez uso da tribuna para abordar a importância da conscientização sobre o autismo e apresentar reivindicações voltadas à inclusão e acolhimento das pessoas com TEA no município.
A fala ocorreu na semana em que se comemora o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril — data criada pela ONU em 2007 e instituída no Brasil pela Lei 13.652/2018, com o objetivo de combater o preconceito e promover informação à sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista, uma condição do neurodesenvolvimento que afeta, em média, uma em cada 36 crianças.
Durante sua fala, Moraes destacou que o autismo não é uma doença, mas sim uma condição que acompanha o indivíduo por toda a vida, caracterizada por dificuldades de comunicação e socialização, comportamentos repetitivos e sensibilidade a estímulos sensoriais.
“O diagnóstico deve ser feito por um profissional capacitado, como neuropediatras, clínicos ou pediatras. A informação correta é fundamental para gerar empatia e, consequentemente, respeito”, afirmou, mencionando o tema da campanha deste ano: “Informação gera empatia, empatia gera respeito.”
Moraes também apresentou o trabalho da Associação Anjo Azul, entidade sem fins lucrativos que atua na defesa dos direitos de crianças e adolescentes autistas, buscando parcerias com o poder público para garantir acesso à saúde, educação e inclusão social.
Reivindicação por espaço público inclusivo
Um dos principais pedidos apresentados por Everton foi a doação de um terreno público localizado no Loteamento Central, com matrícula nº 101.917, que faz frente para as ruas Eva Laci Madsen e Nossa Senhora Aparecida. O objetivo é construir no local uma praça sensorial cercada, com livre acesso ao público, e a futura sede da associação.
“Queremos um espaço seguro e acolhedor para nossos filhos, com estrutura adequada, auditório e salas de atendimento com terapeutas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos”, explicou.
Everton enfatizou que a proposta busca inclusão e não isolamento:
“Nossos filhos não precisam ser escondidos ou colocados em ‘salinhas dos fundos’. Eles precisam de profissionais preparados e de um ambiente que respeite suas necessidades.”
A dor diária de milhares de famílias
A sessão também contou com a fala emocionada de Adriele Vargas, representante da associação, que fez um forte apelo por empatia e compreensão:
“O autismo não é um evento, não é um dia no calendário. Ele está dentro da casa de milhares de famílias, todos os dias.”
Ela lembrou que crianças e adolescentes com TEA enfrentam diariamente a falta de acolhimento, a exclusão escolar, o bullying e, em muitos casos, até a automutilação e tentativas de suicídio.
“E tudo isso acontece enquanto muitos ainda seguem achando que é só uma ‘fase’, uma ‘frescura’”, concluiu.
O pronunciamento de Everton Moraes e Adriele Vargas comoveu os presentes e gerou uma importante reflexão entre os vereadores, que se comprometeram a analisar com atenção as demandas apresentadas e buscar formas de apoiar a causa da inclusão e do respeito às pessoas com autismo em Passo do Sobrado.