sexta-feira, maio 23, 2025
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Conviver como irmãos, ou perecer como loucos

O pastor batista e ativista norte-americano negro Martin Luther King, assassinado em abril de 1968, disse: “Temos que aprender a viver juntos como irmãos, ou pereceremos juntos como loucos”. Ele se referia à necessidade de abrir caminhos de convivência entre negros e brancos, mas essa afirmação pode ser aplicada também à convivência, ao respeito e à colaboração entre as diversas denominações cristãs.

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Precisamos tomar consciência de que as razões políticas, sociais, religiosas e psicológicas que provocaram a reforma protestante e a reação católica já se perderam no tempo e não fazem mais sentido hoje. Além disso, no dia 31 de outubro de 1999, a Igreja Católica e a Federação Luterana Mundial assinaram a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, um marco histórico na caminhada ecumênica.

Essa declaração é o ponto de chegada de uma longa caminhada iniciada em 1972, com o impulso dado pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, e que contou com cinco encontros de alto nível, antecedidos por minuciosos e preciosos trabalhos de pesquisa levado adiante por conceituados teólogos e reconhecidos pastores de ambas as partes. O resultado é uma declaração que merece ser acolhida com júbilo e levada muito a sério.

Assim se expressam os signatários: “A compreensão da Doutrina da Justificação exposta nesta Declaração Conjunta mostra que entre católicos e luteranos existe um consenso em verdades básicas da doutrina da justificação. As diferenças são apenas de terminologia, de articulação teológica e na ênfase, mas são aceitáveis. Por isso as formas distintas pelas quais luteranos e católicos articulam a fé na justificação estão abertas uma para a outra e não anulam o consenso nas verdades básicas” (§ 40).

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Para compreender o alcance da Declaração Conjunta é preciso não esquecer que as divergências em torno da doutrina sobre a justificação foram causa de diversas condenações recíprocas entre católicos e luteranos, desde o século XVI. Por isso, não se trata de um acordo em torno de um simples ponto doutrinal, mas de um conceito fundamental para orientar o conjunto da doutrina e da prática da Igreja para Cristo.

Assim, católicos e luteranos estão de acordo que a Justificação (realidade oferecida por Deus aos homens e também expressa como libertação da liberdade, reconciliação com Deus, paz com Deus, graça, nova criação, etc.) é obra do Deus Triúno; que todas as pessoas são chamadas por Deus para a salvação em Jesus Cristo; que devemos nossa vida nova unicamente à livre e gratuita misericórdia perdoadora e renovadora de Deus; que essa doutrina tem uma relação essencial com as demais verdades da fé (cf. § 14-18).

Para que nossa pregação e nosso testemunho sejam credíveis não é mais suficiente respeitar as demais igrejas. Isso é indispensável, mas é apenas o mínimo. Lideranças das Igrejas e fiéis, precisamos colocar em prática iniciativas de colaboração e abrir espaços de encontro, diálogo e convivência. Se não fizermos isso, talvez não morramos todos como loucos, mas estaremos passando um atestado da imaturidade da nossa fé e dando mais razões àqueles que preferem tomar distância das religiões.

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Dom Itacir Brassiani msf

Bispo Diocesano de Santa Cruz do Sul

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