Bom dia amigos leitores
* A quem assiste razão?
A polêmica desta semana ficou por conta da decisão do Poder Judiciário gaúcho que, acatando pedido do CPERGS – Sindicato – Centro dos Professores do Estado do Rio Grade do Sul, suspendeu o início das aulas para os alunos da rede estadual sob a alegação de que o excessivo calor que estava ocorrendo em nosso estado representava uma ameaça à saúde e ao bem estar de estudantes, professores e funcionários. Assim, as aulas que deveriam ter começado na segunda-feira passada, 10, foram suspensas.
O governo do estado recorreu da decisão, conseguiu “caçar” o efeito da medida liminar obtida pelo CPERGS, e as aulas começaram nesta quinta, 13, felizmente com as temperaturas um pouco mais amenas.
* O CPERGS tinha razão?
Não tenho a menor dúvida quanto a isso.
Fazer com que os alunos retornassem às atividades regulares diante das altíssimas temperaturas que estavam ocorrendo era desumano, para dizer o mínimo, além de cruel e, com certeza, poria em risco a integridade física e emocional dos mesmos, de funcionários e professores.
Assim, acertou o Sindicato ao buscar a tutela do Judiciário para suspender, mesmo que provisoriamente, o início efetivo das aulas.
* A repercussão
Interessante foi ver que, ao menos no nível das instituições e dos meios de comunicação, a notícia da suspensão do início das aulas foi recebida com compreensão, comedimento e, não raro, até simpatia. Poucas foram, no âmbito dos especialistas, as manifestações de oposição e contrariedade à decisão judicial.
O mesmo já não se viu no âmbito das manifestações pessoais, pois se muita gente (que não apenas do meio escolar) apoiou a inciativa, muitas outras pessoas mostraram contrariedade. E aí o que se viu foi uma verdadeira avalanche de bobagens e argumentações vazias de qualquer fundamentação ou lógica; até piadas de extremo mal gosto circularam nas redes sociais. Teve bastante achismo no sentido que de pior ele traz: um senso comum deturpado e preconceituoso, feito por pessoas que nunca enfrentaram uma sala de aula e que não fazem a menor ideia do que seja ter que lecionar para vinte ou trinta alunos, num espaço exíguo e sob um calorão daqueles.
* A reação da mantenedora
Ora, seria exigir demais desse atual governo que ele reconhecesse mérito na demanda do CPERGS e fizesse um exercício de empatia com alunos, funcionários e professores. O que se viu, desde os primeiros momentos da publicidade da medida judicial obtida pelo Sindicato, foi uma disposição do governo para o conflito, para a justificação do injustificável e para a sinalização de que tentaria reverter a medida judicial a qualquer custo.
Fiquei com a nítida impressão de que para o governo do estado, mais importante que o bem estar dos alunos, funcionários e professores e o reconhecimento da insalubre condição de muitas (muitas mesmo) salas de aula, era poder dizer que “venceu” o Sindicato na Justiça.
* Dos argumentos do governo
Me pareceu que um dos argumentos que o governo do estado adotou como fator de questionamento à decisão Judicial foi que muitas escolas possuem climatização e/ou ares-condicionados em suas dependências, e que o problema do calor seria enfrentado de forma satisfatória ou representaria casos pontuais apenas. Nada mais inverídico.
Escolas estaduais com climatização e outras que contenham ares-condicionados em suas dependências são exceções e não a regra. Além do mais, mesmo nas que possuem tais aparelhos esses, quando funcionam, o que não é a regra, pelo contrário, não dão conta de amainar o excessivo calor feito; não precisa ser especialista em climatização para saber disso.
* Outro argumento – mais risível ainda…
Informa o governo do estado que as escolas têm autonomia para determinar o início e o fim dos períodos letivos levando em conta suas necessidades e especificidades… Para esse argumento apenas posso dizer: ahahahahahahahahah.
O amigo leitor acredita mesmo que a Coordenadoria de Educação, da forma como é conduzida, autorizaria uma escola a prorrogar ou transferir o início do período letivo por causa de calor excessivo? Ah por favor, vamos se respeitar? Para acreditar nisso somente aqueles que acreditam em Coelhinho da Páscoa e Papai Noel…
Tanto o governador do estado quanto a secretária de educação insistiram nesse argumento que, não se precisa ser muito inteligente para saber, é (desculpem-me o termo chulo) balela. Nunca isso seria autorizado. Nunca!!! Tanto que o Sindicato precisou entrar na Justiça para obter tal medida.
* Saldo positivo
Se tem um aspecto positivo nesta questão foi que chamou a atenção de todos para o problema da necessidade de se tratar do bem estar de alunos, funcionários e professores no espaço escolar, ainda mais se consideradas as péssimas condições estruturais de muitas (a maioria) escolas.
Há muito o ar-condicionado deixou de ser um luxo e depois da experiência deste ano ele se tornou um gênero de primeira necessidade. Ponto para nossas escolas que deverão receber maiores e melhores investimentos do estado em aspectos como fiação e rede de energia elétrica, climatização, etc, certo amigo leitor? Ou não? Hein?
O assunto não se esgota, claro.
Bom fim de semana e até à próxima, se Deus quiser.
PS. Só o Grêmio sofreu maior calor do Colorado no Grenal do que os gaúchos esta semana, ahahahahahah.