Com a diminuição do boi para o abate, preço no mercado aumenta
As carnes devem continuar com preços altos por mais alguns meses, até a oferta de animais para o abate, principalmente bovinos, voltar a crescer — o que deve acontecer entre janeiro e fevereiro, dizem especialistas. Desde outubro, os consumidores notaram o aumento nos valores da carne. Em Passo do Sobrado, o quilo da carne bovina subiu consideravelmente nas últimas semanas. Frango, porco e até os ovos também encareceram.
Segundo Renato Ávila, leiloeiro na Safra Remates em Passo do Sobrado, “estamos em um período de entre safras, onde o boi gordo oriundo dos confinamentos, estão esgotando. Em breve entra o boi do campo nativo, e com isso, esperamos normalizar”, disse Renato.
Mas para o empresário, e conhecedor do mercado o problema vem se acentuando ao longo dos últimos 10 anos. “Desde que ocorreu a diminuição da área de campo, já lá no passado com o plantio de arvores como acácia e eucalipto, começou a diminuição do rebanho de gado. Este processo se acentuou com o aumento da área de plantio de soja, onde muitos proprietários, não se interessaram mais em ter o boi, principalmente pelo custo. Com isso, foram vendidas as matrizes, as vacas, para o abate. Agora o ciclo de cria que é de no mínimo 24 meses, não dá conta de abastecer o mercado com carne”, disse Renato.
Segundo Renato Ávila Filho, “não temos excedente de gado no mercado, até o gado para reposição nos confinamentos está faltando. No estado ocorreu uma diminuição de 40% na quantidade de bovinos para o abate nos últimos anos”, contou Renato Filho.
A família de Renato Ávila, que atualmente atua em praticamente todo o Estado do Rio Grande do Sul, com duas duas empresas de remetes, a Safra Leilões e a RBA Leilões, estão constantemente em busca de animais para vender para os frigoríficos. “Temos uma demanda grande, uma procura, porém a oferta é escassa”, afirmou Renato.
Segundo Renato, o grande vilão de tudo é a exportação de gado em pé. “A venda de gado em pé, principalmente para o Oriente Médio, é o maior vilão. Pois legam em torno de 30 a 40 mil cabeças de gado, em um navio. Fazem isso, por causa das crenças e da religião, para que os animais sejam abatidos conforme os costumes locais”, comentou Renato.
Outro fator apontado por Renato, é que “a carne bovina para os povos do oriente é uma iguaria. Lá não tem carne de 2ª, é tudo carne de primeira. Com isso, virou negócio para os frigoríficos exportarem a carne para lá. Atualmente no Brasil, temos uma cabeça de gado para cada brasileiro, isso é muito pouco”, destacou Renato.
Leia mais na edição impressa do jornal Gazeta Popular, de 30/11/2019.