Início Santa Cruz do Sul Prefeito e secretários chamam a atenção de vereadores para situação orçamentária crítica...

Prefeito e secretários chamam a atenção de vereadores para situação orçamentária crítica do município

A preocupação, segundo o prefeito, vai além do presente. “Se não tomarmos providências agora, as consequências podem ser ainda mais graves em 2026”, alertou

Na tarde da última quarta-feira, 21, o prefeito de Santa Cruz do Sul, Sérgio Moraes, reuniu-se com secretários municipais e vereadores para apresentar um panorama da grave situação orçamentária enfrentada pela Prefeitura. O encontro, realizado no Salão Nobre do Palacinho, teve como objetivo expor a realidade financeira das secretarias e buscar apoio do Legislativo para a adoção de medidas de contenção de despesas.

Desde que assumiu a gestão municipal, em janeiro deste ano, Moraes tem manifestado preocupação com o cenário encontrado: recursos comprometidos e pouca margem para novas ações. “Infelizmente, nos deparamos com as contas públicas em uma situação muito delicada, com grandes compromissos financeiros assumidos anteriormente e pouca margem para investimentos. Precisamos do apoio de todos para atravessar esse momento com equilíbrio”, destacou.

A preocupação, segundo o prefeito, vai além do presente. “Se não tomarmos providências agora, as consequências podem ser ainda mais graves em 2026”, alertou. Em sua fala, reforçou a importância da transparência na condução da administração e solicitou o engajamento de todos os poderes. “Chamamos os vereadores aqui para que tenham um panorama real da situação. Temos que ser transparentes quanto aos desafios que temos pela frente. Somos os responsáveis eleitos para cuidar do dinheiro público e precisamos jogar com a verdade. Entre todas as áreas, a saúde é prioridade. Precisamos garantir que a população continue tendo acesso a atendimentos de qualidade, mesmo em meio às dificuldades. Essa é uma hora de união e responsabilidade”, afirmou.

Conforme exposto pelo secretário municipal de Planejamento e Mobilidade Urbana, Vanir Ramos de Azevedo, há atualmente R$ 54 milhões em caixa, porém o valor está inteiramente comprometido com contratos firmados em gestões anteriores. Segundo ele, os números mostram um desequilíbrio entre receita e despesa: somente a Secretaria da Saúde precisa de R$ 32 milhões até o fim do ano para manter os serviços previstos, enquanto a Secretaria de Desenvolvimento Social requer R$ 10 milhões, e as demais secretarias, somadas, demandam quase R$ 22 milhões. “O município tem feito um esforço muito grande para economizar, mas há necessidades que precisam ser mantidas”, ponderou.

O secretário da Fazenda, Bruno Faller, foi direto ao expor os riscos. “Se não tomarmos medidas amargas, em setembro ou outubro a máquina pública poderá acabar ficando parada. E isso é um problema para a prefeitura e, principalmente, para os cidadãos”, alertou. Ele lembrou que, em anos anteriores, ações como a venda da folha de pagamentos dos servidores e da Corsan contribuíram para um alívio temporário nas contas públicas, que acabaram maquiando os problemas orçamentários já existentes. “Neste ano, quando assumimos, os recursos já estavam comprometidos desde o início, principalmente com financiamentos que precisam continuar sendo pagos”, explicou.

Faller também demonstrou preocupação com a arrecadação municipal, mas mantém expectativa de recuperação da atividade econômica. “Temos esperança de aumento da arrecadação com o recém-lançado Programa de Recuperação dos Créditos, o Refin, com campanhas de negociação junto a instituições e com a possibilidade de renegociar as dívidas para obter juros menores. Mas, até que isso se concretize, será necessário cortar gastos até nos itens mais básicos”, observou.

A realidade fiscal também impacta diretamente o trabalho dos parlamentares, conforme apontou o vereador e líder de governo Edson Azevedo. “O que dói para um vereador é ter que dizer não para a comunidade por conta da falta de responsabilidade de um governo anterior. Mas temos que compreender o momento e colaborar”, afirmou.

Apesar do cenário desafiador, a prefeitura descarta a paralisação de serviços. “O que vamos ter é mais prudência. Faremos uma reorganização, elencando prioridades, para não acabar tendo que prejudicar os serviços essenciais”, garantiu o vice-prefeito Alex Knak. O secretário de Administração e Gestão, Matheus Ferreira, informou que cada secretaria foi orientada a elaborar um plano de redução de despesas que não comprometa o interesse público. “A Secretaria Municipal da Saúde precisa ser socorrida por todas as demais secretarias. Vamos fazer um grande movimento para atender a população. Juntos, cooperando, conseguiremos melhorar a situação”, finalizou.