Bom dia amigos leitores
* Futebol…
Como os amigos leitores sabem, não sou um grande entusiasta do futebol, quiçá sou conhecedor… Sou colorado, torço frequentemente pelo meu time do coração, fico descontente com os maus desempenhos dele, algo muito comum nos dias de hoje, mas termina aí minha “paixão” futebolística; sequer sei a escalação do meu time, muito pouco vou ao estádio (depois que a filha cresceu e a herança foi passada, mais raro ainda, kkk), e muito menos “brigo”, discuto ou ofendo alguém por causa de futebol. Ah, flauteio os coirmãos rivais pelos reveses que sofrem, mas muito mais pelo prazer da brincadeira do que pela vontade de torcer contra eles mesmo, pelo contrário, não me importo muito se ganharem.
Sei que esse meu posicionamento não é muito comum quando se trata de futebol e mais ainda quando envolve rivalidade clubística. No Brasil o futebol envolve paixão, amor, ódio e, cada vez mais do que nunca, é um grande e rentável negócio…
Algo semelhante vale para a seleção brasileira de futebol… Apenas semelhante, pois ainda sou menos entusiasta com relação a ela até do que o futebol clubístico.
Porém, e sempre há poréns, a contratação de um técnico estrangeiro para nossa seleção nacional me levou a algumas reflexões que eu acredito que tenham sido feitas por todos aqueles que gostam, mesmo que apenas um pouco, de futebol.
* Precisava um técnico estrangeiro?
Eis aí a primeira questão que se apresenta. E aí amigo leitor, precisava?
É de se pensar que o Brasil, o país do futebol, não possua um treinador capaz de dirigir a seleção nacional? Isso até parece, num primeiro momento, meio desproposital, fora de contexto ou até mesmo desnecessário, certo? Mas a questão é mais complexa do que essa simplificação de questionamento. Até por que, já se oportunizou, nos últimos tempos, que técnicos brasileiros dirigissem nosso selecionado e, como vimos, não obtivemos muito sucesso.
Assim, para entendermos da necessidade, ou até da justificação, de se trazer um técnico estrangeiro para dirigir nossa seleção, faz-se necessária uma análise um pouco mais ampla.
* Futebol e a seleção brasileira: amor e negócios (não necessariamente nesta ordem…)
Como eu disse acima, sabemos que o futebol brasileiro é, antes de tudo, um grande negócio que envolve muito (muito mesmo) dinheiro e que dele participam ou a ele se submetem dirigentes, atletas, treinadores, federações estaduais e clubes, patrocinadores e apoiadores, governos e políticos, os meios de comunicação, casas de apostas, investidores e especuladores; inclusive torcedores. Vê-se então que os interesses em jogo são muitos grandes também: interesses econômicos, óbvio, mas não só, também políticos e sociais, e por mais que se estude, ou pesquise, ou investigue o tema, jamais saberemos a sua real dimensão (desse negócio chamado futebol). Tudo que vemos e sabemos é apenas a ponta do iceberg…
Se o negócio é tão grande e por vezes “obscuro”, por que então trazer alguém de fora para treinar a seleção, sendo que, muito provável, esse alguém não vai se “enquadrar” no negócio ou se submeter a ele? A resposta me parece meio óbvia: por necessidade…
* O futebol brasileiro e a seleção brasileira como “sistema”
Um dos conceitos de sistema encontrados na rede mundial que eu mais gosto é: “um conjunto integrado de componentes regularmente inter-relacionados e interdependentes criados para realizar um objetivo definido, com relações definidas e mantidas entre seus componentes e cuja produção e operação como um todo é melhor que a simples soma de seus componentes”.
O sistema (ligado ao futebol e à seleção brasileira) precisa justificar sua existência e sua permanência. E qual a melhor forma de justificar a existência de um time de futebol (e uma associação desportiva)? A superioridade diante dos rivais, entendendo-se por superioridade a obtenção de títulos, em especial e particular o da Copa do Mundo.
Para que o sistema futebolístico nacional continue existindo e se justificando como tal, assim como está, é necessário que a seleção brasileira volte a ganhar títulos, o que há um bom tempo não faz; sem títulos o sistema começa a ser questionado, deixa de ser importante, os negócios deixam de ser “satisfatoriamente rentáveis”… Então, esse sistema tarará alguém de fora, mesmo que não se enquadre em suas estruturas de funcionamento político e econômico, desde que possa representar vitórias e títulos e, por consequência e ao natural, contribua para justificar sua existência e manutenção, certo amigo leitor? Não parece meio lógico?
* Outras justificativas que me parecem razoáveis…
Há um bom tempo que a maioria dos jogadores da seleção brasileira, teoricamente os melhores, são “estrangeiros”, ou seja, jogam fora do Brasil. Daí que os técnicos brasileiros, em sua maioria, senão a totalidade, trabalham aqui no Brasil, com jogadores medianos (lembre-se que os melhores foram embora). Quando a seleção é formada, ocorre um choque de realidades: um técnico nacional com seus comandados “estrangeiros”: futebóis diferentes, realidades diferentes, poderes e relações de poder diferentes… Não seria meio óbvio que o técnico também deveria estar acostumado a trabalhar regularmente com os melhores?
Fator que ficou latente na contratação do técnico estrangeiro é que ele exigiu “autonomia nas contratações”, total liberdade nas escalações e a inexistência de interferência de quem quer que seja na montagem da equipe e no desenvolvimento dos trabalhos. Ora, isso por si só já mostra indícios sólidos de que os “técnicos nacionais” não tinham liberdade ou poder de convocar e escalar jogadores e que sofriam ingerência e pressão de terceiros (se for só isso), sabe-se lá com que interesses, certo amigo leitor?
Então agora é de se especular: nossos jogadores estão entre os melhores do mundo, sendo destaques nas equipes onde jogam; Carlo Ancelotti é técnico renomado, de muito sucesso, que trabalha com os melhores jogadores do mundo; a CBF precisa urgentemente que o Brasil volte a ganhar títulos; e a torcida precisa ser mobilizada para que continue a cultuar o “esporte nacional” (assim, entre aspas…). Fiquemos na torcida, literalmente, pelo sucesso desta empreitada.
Enquanto isso aqui na Província de São Pedro vamos vivendo a farra da flauta ao adversário, que é o que nos resta, ahahahahahah. O Colorado se arrastando, não sei até onde vai, e o Tricolor aos trancos e barrancos, acho que já sei pra onde vai… Ambos pondo à prova o coração dos torcedores, kkkk. Quem viver, verá!
Bom fim de semana e até à próxima, se Deus quiser.
PS: e a gripe aviária aqui no Rio Grande, nos diz respeito?