No próximo domingo celebramos o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Como o faz desde o início, a Igreja Católica Romana oferece uma breve mensagem dirigida aos comunicadores e comunicadoras. Em janeiro, algumas semanas antes de celebrar sua Páscoa definitiva, o Papa Francisco tornou pública a mensagem para a edição de 2025. Compartilho com vocês, leitores/as e comunicadores/as testemunhais do Evangelho de Jesus Cristo, uma síntese dos pensamentos e estímulos da referida mensagem.
Francisco se inspira na exortação de Pedro aos cristãos do seu tempo e de hoje: “Santificai o Senhor Jesus Cristo em vossos corações, e estai sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir. Fazei-o, porém, com mansidão e respeito” (1ª Carta de Pedro 3,15-16). Essa mensagem continua muito relevante, mais ainda para os tempos conturbados que vivemos, onde tendemos a impor à força suas convicções e ideologias.
Em nossa época, a comunicação está marcada pela desinformação e pela polarização. Alguns centros de poder controlam um volume de informações sem precedentes. Guiadas por interesses estritamente monetários, as empresas de comunicação usam as palavras e imagens como espadas, para dividir e agredir; estimulam a competição, a contraposição e o desejo de domínio; simplificam ou distorcem a realidade para suscitar reações instintivas e gerar lucros; e acabam alterando nossa percepção da realidade e minando nossa capacidade de compreender a realidade do outro, de conviver e cooperar.
Como profissionais da comunicação e como comunicadores do Evangelho, não podemos render-nos a esta lógica, mesmo que não seja fácil remar contra a corrente e a esperança. É no respeito à realidade dos fatos e à dignidade das pessoas que se mostram a necessidade e a relevância do trabalho dos jornalistas e comunicadores. A propósito, o Papa cita George Bernanos: “Só têm esperança aqueles que ousaram ‘desesperar’ das ilusões e mentiras nas quais encontravam segurança e que falsamente confundiam com esperança. A esperança é um risco que é preciso correr; é o risco dos riscos”.
Como cristãos, sabemos que a Esperança é paciente e resistente, e tem um rosto e um caminho: Jesus de Nazaré, rosto do ser humano maduro e rosto glorioso de Deus. O que nos caracteriza não é simplesmente “falar de Deus”, mas testemunhar e fazer ressoar a beleza do seu amor, um modo novo de viver cada pequena coisa. Por isso, nossa comunicação deve ter as marcas da mansidão e da proximidade, ao modo dos companheiros de caminhada, como nos mostra Jesus, o “comunicador de Deus”.
Sonhemos e pratiquemos uma comunicação (escrita ou falada, no rádio ou nas redes sociais, no púlpito ou nas ruas) que nos faça companheiros/as de viagem de tantos irmãos e irmãs, e que reacenda neles a esperança; que nos ajude a reconhecer a dignidade de cada pessoa e a cuidar juntos da nossa casa comum; que seja capaz de falar ao coração, de suscitar atitudes de abertura e amizade; que ajude o leitor ou ouvinte a encontrar o melhor de si; que aposte na beleza e na esperança, mesmo nas situações aparentemente desesperadoras; que suscite empenho, empatia e interesse pelos outros; que não venda ilusões ou medos, mas seja capaz de dar razões para peregrinar na esperança.