domingo, abril 20, 2025
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Adestrador ‘hipnotiza’ cavalo xucro e faz sucesso em rodeio

Imagine um desses cavalos de gineteada, nunca domados, que precisam de dois, três homens para ser imobilizado e permitir que o peão monte sobre seu lombo para uma apresentação? Desses que muitas vezes, nem sequer permitem que o ginete permaneça 8 segundos sobre seu lombo, que é o tempo mínimo exigido pelas regras de um rodeio?

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Pois, são animais com esse perfil que o adestrador Ronival Fernando Ferreira, 33 anos, o “Bruxo dos Potros”, consegue dominar rapidamente, sem qualquer violência e sem sequer conhecer o cavalo previamente. Ele se aproxima, faz uma espécie de ritual de “hipnose”, e, alguns segundos depois, o aporreado se rende aos seus comandos e deita-se.

O Bruxo dos Potros, está em viagem até Aparecida, e na passagem pelo Município vindo da Fronteira, na quinta-feira dia 26, visitou a propriedade do Clóvis Iochims, o qual tem a pista de rodeio e a cancha de carreira.

Segundo Clóvis, “uma visita ilustre, que passou pelo Município de Passo do Sobrado. O Bruxo dos potros, bruxo de verdade. Como todo bom bruxo tem poderes e supostas forças sobrenaturais. Ele só não é gaúcho porque nasceu no Paraná. Sem este detalhe, bruxo é a estampa típica de gaúcho da campanha”, disse Clóvinho.

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O manuseador de cavalos, ou mesmo hipnotizador de cavalos, ficou conhecido por Bruxo, por ter facilidade em lidar com os animais (cavalos, coelhos, pássaros e até cobra) e faz de forma impressionante com que os animais lhe obedeçam, foi assim que Ronival ficou conhecido nacionalmente, como Bruxo. Ele tem vídeos no canal do YouTube, com apresentações de manuseios com cavalos.

O Ronival, Bruxo, contou que desde criança morou em fazenda, e que desde sua infância teve facilidade e destreza para lidar com cavalos, tanto aporreados como domados. Sua profissão é “amanoseador”, disse que faz uma leitura corporal equina, e leva a vida fazendo o que gosta, “manuseando” potros, dando assistência em cabanhas e realizando cursos.

O que afinal o Bruxo veio fazer em Passo do Sobrado?

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Esteve de passagem, isso porque, ele estabeleceu uma meta, sair de Santa Vitória do Palmar, na fronteira, no dia 25 de dezembro de 2019, onde apenas parou para trabalhar no mês de fevereiro em uma cabanha. Consecutivamente seguiu viagem rumo a Aparecida do Norte, no estado de São Paulo, isso para ver de perto a Nossa Senhora Aparecida.

Nesta empreitada, ele leva apenas 3 cavalos, um para sua montaria, outro, carregando os mantimentos, enquanto o terceiro “descansa” para consecutivamente efetuar o rodízio.

Na bagagem, leva apenas, linguiça, charque e um propósito, a arte de lidar com o medo. Ainda leva com ele, o seu único apego, o cavalo.

“Tu não entras na vida do cavalo, tu nasces para viver do cavalo” disse o Bruxo. “Fiz uma promessa, na verdade, considero um propósito, de chegar na Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, montado, levando meus 3 cavalos. Essa promessa fiz, porque morei com uma família em Santa Vitória do Palmar, e o filho dessa família estava doente então prometi que se ele melhorasse e graças a Deus o guri melhorou. Por isso estou indo de uma Padroeira até a outra, ou seja, de Santa Vitória do Palmar a Aparecida do Norte em São Paulo, lá pretendo doar um dos meus cavalos para o Hospital do Câncer de Barretos. Não sei quando tempo vou levar para chegar, talvez em agosto”, disse Ronival.

Nessa jornada o Ronival, já enfrentou alguns obstáculos, como a cheias na travessia da Reserva do Taim e seu companheiro que ficou para trás. O companheiro era um de seus cavalos o qual começou a emagrecer e precisou ser deixado em um campo, para continuar Ronival precisou arrumar outro cavalo. “Tenho o que a estrada tem, para me oferecer. Tenho uma rota, para chegar ao destino, quero desviar de Porto Alegre. Vim, passando por Pântano, Rio Pardo, Morro das Pedras e cheguei até aqui, no amigo Clovinho, por indicação. Agora meu amigo me indica outro pouso (próxima parada) e assim vou tocando viagem. Hoje (quinta,26) saio após meio-dia e vou no sentindo Mariante, Lajeado, Caxias… Tenho a rota, mas não tenho certeza dela” brincou o Bruxo.

“Dinheiro se gasta, meu cavalo me deu amizades que construo, dia a dia na estrada. Sem esses amigos, essa minha viagem seria impossível de fazer” disse Ronival.

Para realizar essa cavalgada até São Paulo, o Bruxo contou que precisa tomar alguns cuidados com o animais. “Preciso manter os cavalos sadios, sempre procuro parar onde posso deixar os cavalos pastarem à vontade, e beber água à vontade, não deixo eles beberem ou comer próximo do asfalto, isso por que pode ter veneno e intoxicar o animal. Procuro cuidar os cascos dos cavalos, não forço demais os animais. Na estrada comigo eles só têm pasto verde, mas quando paro uns dias para descansar eles ganham ração, alfafa e descansam, que também é importante para seguir viagem”, disse o Bruxo.

Para quem nunca viu as apresentações do Bruxo. O Ronival despi de todas as defesas, fica descalço, pede proteção e usa um pala vermelho, o qual considera fundamental no processo de confiança com o animal e assim ele encara o animal mais xucro e desconfiado.

Depois de dessensibilizar o animal que não teve acesso à doma ou lida, inicia o processo de conexão e confiança. Deitar o animal no chão, segundo o Bruxo é um dos passos mais importantes e definitivos para o que virá depois. Sendo presa, e tendo o corpo tantas partes sensíveis, o cavalo aguarda a morte, deitado no chão pela vulnerabilidade.

Por isso o Bruxo deita o cavalo no chão, e quando o animal nota que não será ferido mesmo que deitado, o elo se forma.

Durante esse processo o Bruxo emite alguns sons, desconhecidos pelos humanos. Esses sons, são ritmados como mantra, até que perceba que a conexão entre homem e cavalo se formou.

Na sua “andança”, o Bruxo calcula que já percorreu 800 km, “cortando o Rio Grande do Sul a casco de cavalo” disse ele. Dando preferência pelas estradas do interior com menos movimento. “Ainda tenho 2 mil km para percorrer para encontrar Nossa Senhora Aparecida”, afirmou o Bruxo.

Em Passo do Sobrado o Bruxo, ficou hospedado na casa do Clóvis Iochims, o Clovinho, o qual pretende reativar a pista de rodeios assim que a situação da pandemia normatizar.

Clovinho, contou que pretende construir um Centro Regional de Equoterapia. Na oportunidade convidou o Ronival para ser um de seus parceiro no projeto. “Para mim, foi uma honra receber o Bruxo em minha casa, já acompanhava o trabalho dele, assistia os vídeos dele, na ‘internet’ e fico feliz em contribuir de certa forma nessa jornada. Meus amigos de rodeio, da cidade de Rio Pardo indicaram para ele vir até aqui, e então seguir viagem. Espero que assim que tudo se normalizar, tanto a pandemia como a seca, reabrir o CTG, e vou realizar um evento e trazer o Bruxo para fazer umas apresentações e cursos aqui no município” disse Clovinho.

“Tenho o sol por cobertura e à Terra para o meu descanso, subtraindo o que é xucro multiplicando pelo que é manso. Cumprindo a sina que Deus me deu, o resultado, sei que alcanço”, concluiu Bruxo.

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