sexta-feira, junho 13, 2025
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Cobertura vacinal contra a gripe preocupa autoridades de saúde no Vale do Rio Pardo

Com apenas 38,6% do público-alvo vacinado na região, especialistas e gestores alertam para o risco de agravamento das síndromes respiratórias e reforçam a importância da imunização

Rosibel Fagundes

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Na última segunda-feira, 9 de junho, o Dia Nacional da Imunização foi celebrado em todo o país. No entanto, o momento traz mais motivos para alerta do que para comemoração, especialmente diante dos baixos índices de vacinação contra a gripe no Rio Grande do Sul e, em particular, na região da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (13ª CRS), que abrange 13 municípios do Vale do Rio Pardo. A meta preconizada pelo Ministério da Saúde é vacinar 90% da população inserida nos grupos prioritários, mas até o início da semana apenas 43,7% desse público havia recebido a vacina no estado. Na área da 13ª CRS, o percentual é ainda menor, apenas 38,6%.

A baixa cobertura vacinal preocupa autoridades e profissionais de saúde, especialmente diante do aumento expressivo dos casos de síndromes respiratórias e da superlotação de leitos hospitalares em várias regiões. De acordo com a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, apenas 5% dos pacientes atualmente hospitalizados no estado haviam sido vacinados contra a influenza. “Os municípios estão trabalhando muito, mas a população não está aderindo às campanhas de vacinação. É muito preocupante. As pessoas que estão internadas nos hospitais, apenas 5% foram vacinadas. A população não está buscando as unidades básicas de saúde”, alertou a secretária em entrevista coletiva.

Os dados por faixa etária e grupos prioritários também são alarmantes. Até o dia 9 de junho, a cobertura vacinal entre crianças de seis meses a menores de seis anos na 13ª CRS era de apenas 26,7%. Entre os idosos, o índice alcançava 42,1%, e entre as gestantes, 34,3%. Em Passo do Sobrado, os números eram igualmente baixos: 39,6% de cobertura em crianças, 46,7% em idosos e apenas 15,6% entre gestantes. No município de Vale Verde, a vacinação havia alcançado 43% das crianças e 48,4% dos idosos, mas nenhuma gestante havia sido vacinada até aquela data.

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Segundo Andréa Henes Wiesioek, uma das responsáveis pelo setor de Imunizações da 13ª CRS, a vacinação para os grupos prioritários está disponível durante todo o ano, conforme o calendário nacional. Já para o restante da população, as doses serão aplicadas enquanto houver estoque. Ela aponta que grande parte da baixa adesão se deve à desinformação e a mitos que ainda persistem. “A vacinação teve início há dois meses para os grupos prioritários e, há cerca de 30 dias, foi aberta ao público em geral. A adesão, especialmente entre as crianças, tem sido muito baixa. Um dos principais motivos é o mito de que a vacina causa gripe, o que não é verdade. A vacina da influenza contém vírus inativado e fracionado, ou seja, ela não tem como causar gripe”, esclarece.

Andréa reforça que a vacina é essencial para evitar complicações graves, hospitalizações e mortes. “É fundamental que a imunização aconteça antes da chegada das temperaturas mais baixas, pois o organismo leva de 10 a 15 dias para alcançar a proteção ideal após a aplicação da dose. Os postos de saúde estão preparados para receber a população. Nossa orientação é clara, vacine-se”, destaca.

RS já contabiliza 548 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2025

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O cenário no Rio Grande do Sul é preocupante. Conforme o painel de monitoramento da Secretaria Estadual da Saúde atualizado na última quinta-feira, 12, o estado já contabiliza 548 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2025. Foram 7.317 internações até agora. Desses números, 184 óbitos foram causados por influenza, com 1.633 hospitalizações, mais de 360 pessoas precisaram de atendimento em unidades de terapia intensiva (UTI). Caxias do Sul lidera o número de mortes no estado com 64 registros, seguido por Porto Alegre, com 62. Na região do Vale do Rio Pardo, 29 pessoas já perderam a vida em decorrência da gripe: 11 em Venâncio Aires, 10 em Santa Cruz do Sul, 4 em Vera Cruz, 2 em Candelária, 1 em Passo do Sobrado e 1 em Rio Pardo.

Prefeitura e hospitais de Santa Cruz fazem apelo para que pais vacinem seus filhos

Preocupados com a superlotação das unidades de pronto atendimento e com os baixos índices de vacinação entre crianças, o prefeito Sérgio Moraes, o vice Alex Knak, o secretário municipal de Saúde Rodrigo Rabuske e o líder do governo na Câmara, Edson Azeredo, reuniram-se na última quarta-feira, 11, com representantes dos hospitais Santa Cruz e Ana Nery, além de técnicos da prefeitura, para discutir estratégias emergenciais de atendimento à população.

De acordo com Rabuske, somente na UPA Central foram realizados 4.500 atendimentos no mês de maio, superando os 4.391 registrados na UPA do bairro Esmeralda. “Foi algo nunca visto, a procura tem sido muito grande e a maioria dos casos são de doenças respiratórias”, afirmou o secretário. Ele destacou ainda que em determinado momento do dia, 36 crianças aguardavam simultaneamente por atendimento no Centro Materno Infantil (Cemai). Diante desse cenário, a prefeitura e os hospitais do município fazem um apelo aos pais e responsáveis: levem as crianças para se vacinar.

Diante do avanço das doenças respiratórias, da sobrecarga nas unidades de saúde e da possibilidade de novas mortes evitáveis, o apelo dos profissionais e gestores é unânime: a vacina salva vidas e está disponível gratuitamente para todos. A baixa procura pode ter consequências graves e evitáveis em um período crítico para a saúde pública.

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