sábado, outubro 5, 2024
InícioEdição em TextoAcompanhe a entrevista do Monsenhor Itacir, concedida ao Jornal Gazeta Popular.

Acompanhe a entrevista do Monsenhor Itacir, concedida ao Jornal Gazeta Popular.

GAZ POP – Como está sendo esse momento para o senhor, ser nomeado como bispo?

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Vivo este momento como uma nova etapa da minha consagração a Deus e de participação na missão de Jesus Cristo: anunciar, promover e celebrar o Reino de Deus; cuidar da vida humana e das demais criaturas com dedicação de pastor; animar e coordenar a caminhada pastoral da Igreja; em tudo e sempre, priorizando as pessoas e grupos humanos mais frágeis e sofridos. Até o momento, vivi esta missão como Missionário da Sagrada Família, e agora viverei como parte de uma Igreja local, a diocese de Santa Cruz do Sul.

GAZ POP -Como foi a escolha em seguir a vida religiosa?

Percebi e acolhi o chamado de Jesus no seio da pastoral da juventude da paróquia de Anchieta/SC, quando tinha 19 anos e trabalhava como auxiliar de contabilidade. Envolvido por essa experiência de ser amado e chamado, procurei o pároco, que era Missionário da Sagrada Família, e ele me orientou e sugeriu os encaminhamentos. Entre a experiência de ser chamado e o momento de ser enviado, foram 8 anos de formação, discernimento e confirmação do chamado, percurso no qual muitas pessoas contribuíram eficazmente e às quais sou eternamente agradecido.

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GAZ POP – Quais serão as atividades como bispo?

Confesso que ainda não conheço em profundidade e amplitude as atividades concretas do bispo, e nisso tenho um belo aprendizado a fazer. Mas sei que esse ministério se concretiza na missão do anúncio profético da Boa Notícia de Jesus Cristo; na celebração da presença libertadora de Deus na vida concreta das pessoas; na dedicação incansável e incondicional ao cuidado da vida; na coordenação e orientação da caminhada e da organização e dos agentes de pastoral (padres, diáconos, ministros e demais lideranças) da diocese. Dentro disso cabe um amplo leque de atividades, que vai desde processos formativos até atividades concretas junto às paróquias, comunidades e movimentos.

GAZ POP – Fale como a fé transformou a sua vida.

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Na minha infância e adolescência, vivi a fé como uma dimensão natural que dava sentido e coesão à minha vida. Com a crise geral que normalmente vem junto com a fase da juventude, descobri a fé como uma relação profundamente pessoal com Jesus Cristo e como adesão e colaboração com uma comunidade eclesial concreta. Com a chegada da vida adulta, e graças ao processo de formação humana, cultural e teológica, adentrei numa fase em que a fé em Jesus Cristo implica na adesão prática a uma escala particular de valores (a fraternidade, a justiça, a igualdade, a paz, a solidariedade, a partilha). Nesta perspectiva, minha vida deixou de girar em torno de mim mesmo e das satisfações momentâneas e passou a girar em torno do valor sagrado do próximo, do outro, da vítima, e do futuro de felicidade e de vida plena que Deus sonha e a humanidade busca, às vezes sem muita consciência.

GAZ POP – Quais são os projetos para a Diocese?

Creio que quando alguém pisa um chão que não lhe pertence, começa por pedir licença e “hospedagem”. Não chega como senhor, mas como hóspede que quer ser irmão e caminhar junto. Assume os desafios e projetos que já estão em andamento, e se dispõe a somar com os muitos agentes que levam a Igreja local adiante. É assim que me sinto, e assim que inicio a caminhada. Mas trago comigo algumas convicções que, com respeito e delicadeza, pretendo compartilhar com a Igreja de Santa Cruz e, se Deus quiser, torna-las concretas. Entre estas convicções, estão: a dignidade do povo de Deus, e, nele, dos leigos e leigas; o cuidado com o meio ambiente e dos pobres e vulneráveis como uma dimensão intrínseca à fé em Jesus Cristo; a necessidade de resgatar o espaço e a valorização das mulheres na vida eclesial; a relevância do caminho sinodal, de que todos os setores e grupos eclesiais caminhem juntos; a importância de dar um dinamismo missionário às comunidades e grupos eclesiais.

GAZ POP – Como foi a caminhada para chegar até aqui?

Tenho 40 anos de caminhada como Missionário da Sagrada Família e 37 anos como padre. Nestas 4 décadas atuei como vigário e como pároco; como professor de teologia; como Superior provincial da América Latina e Vigário geral da Congregação; trabalhei com grupos de base e formação de lideranças; dediquei vários anos à formação dos seminaristas. Para tanto, morei e trabalhei em Santo Ângelo, Passo Fundo, Belo Horizonte e Roma. Foi uma caminhada de aprendizado e amadurecimento em todas as dimensões, de ampliação do leque de relações, de abertura à diversidade cultural e eclesial, já que, nessa missão, participei em atividades em 15 diferentes países.

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