Boa tarde amigos leitores.
* Maratona Internacional de Porto Alegre
Pois é amigo leitor, como sabido, este ano eu e mais quatro colegas aqui do Vale Verde nos desafiamos a correr a Meia-maratona de Porto Alegre, prova de rua realizada durante as atividades da 40ª Maratona Internacional da Cidade de Porto Alegre. Assim, na manhã do dia 07 de junho, sábado passado, nós cinco e mais de 12.000 atletas demos a largada para aquela que, até o momento, foi a maior prova da qual participei.
Hoje deixo algumas impressões muito interessante aos leitores.
* O início da prova
A largada estava marcada para às 07 h da manhã do dia 07 de junho. Eu já estava em Porto Alegre de véspera, então me organizei para chegar no local da prova com um pouco de antecedência, afinal, mais de 15.000 atletas competiriam nesta manhã (nas provas dos 5, 10 e 21 km), então o movimento seria intenso, além de que eu precisaria fazer um aquecimento minutos antes da prova. Os outros 8.000 atletas (eram mais de 25.000 nos dois dias) correriam no dia seguinte, 8, domingo, na prova principal da maratona com 42,192 km.
Assim, às 04:30h o relógio despertou (fiquei surpreso como consegui dormir bem, sem aquela “tensão pré-evento” ou insônia pré-prova), fui me arrumar, tomar um café com base de carboidratos e chamar o Uber… Temperatura: 8°C. Saí para a rua às 05h e a noite/madrugada estava fechada, com intensa cerração. Pensei: se aqui no Partenon está assim, imagina na beira do lago Guaíba… Dito e feito!
Felizmente a filha ia me acompanhar (ou cuidar de mim? kkk) e eu pude, então, sair bastante agasalhado, pois teria com quem deixar os badulaques e petrechos todos, senão…
* A concentração.
Às 5:45h cheguei nas proximidades do local de largada, em frente ao Shopping Barra Sul, e a muvuca já estava formada: trânsito parado, totalmente engarrafado, milhares de pessoas e outro tanto de atletas (que também são pessoas, kkk) pra lá e pra cá… o jeito foi descer do Uber e fazer alguns quilômetros a pé, para não correr o risco de atrasar. Temperatura: 7°C e cerração muuuuito intensa, sendo o campo de visão bastante reduzido… Escolhido um local próximo à largada, me estabeleci para aguardar o pessoal que iria do Vale.
Coisa muito linda de ver, aqueles milhares de atletas, com roupas das mais variadas cores, ali aquecendo, movimentando para se esquentar, ou simplesmente parados conversando. Que sensação bacana.
Porém, no meio daquele turbilhão de gente consegui não me encontrar com os colegas aqui do Vale e parti para a linha de largada solito. Solito não, comigo mesmo, com Deus e mais 1000 atletas que entraram, assim como eu, pelo portão D da largada (havia o portão da elite e depois vários portões de acesso aos amadores…).
* A prova
Iniciada a prova pontualmente às 07 h, levei 08 minutos para passar pelo pórtico de largada que acionaria o meu chip de corrida, uma eternidade, e comecei a correr; assim que me desembaracei um pouco do povo, estabeleci um pace (ritmo) mediano, afinal eram 21k pela frente, e perna-pra-quem-te-quero…
Como eu estava sozinho, precisava de referências. Marquei (corri próximo) um casal que corria à minha frente num ritmo semelhante ao meu; corri com eles por 5k, quando a panturrilha começou a incomodar… Diminuí meu ritmo por quase dois quilômetros… depois, passado o susto, voltei ao pace e levei mais de meia hora para chegar no casal de novo… aí eles pararam…
Daí que “marquei” uma loura com tatuagens do Inter… “corri com ela” (na verdade há uns cinco metros dela, kkk) por mais 5k, e num ponto de hidratação a ultrapassei… Por outros 5k corri solito, no meu ritmo, sem marcar outro corredor… eram eu e os pensamentos… conversava com um, incentivava outro, brincava com uns terceiros, batia nas placas de “recarregue a energia”, pedia cerveja (kkk) nos pontos de hidratação (água e isotônico), mexia com o pessoal do staff… Pensa numa diversão… Ah, ter que parar e ir para a fila do pipi no meio da prova me tomou preciosos minutos, mas dei muita risada com todos que estavam lá, ahahahahah.
Lá por volta dos 15k voltei a ser um corredor sério e marquei um atleta já meio-veterano, que pelo biotipo já fora obeso, e que vinha num ritmo bom… o cara não era fraco… precisei aumentar minha passada… acho que ele percebeu minha marcação e começou a correr de forma mais intensa… e eu também…e assim fomos até por volta do quilômetro 18. Daí eu me lembrei que eu tinha joelhos…
A cabeça da gente é uma coisa interessante… Bastou eu perder a concentração e a cabeça começou a acusar dor, desânimo, dificuldade em manter o ritmo… e assim foi por quase 1k, me arrastando… até que retomei as rédeas do pensamento, voltei ao ritmo e parti para o sprint final… Agora analisando os dados, vejo como aquele quilômetro de “desconcentração” me custou tempo, pois mesmo com o sprint final, quando acelerei bastante, a média do último quilômetro foi muito próxima à dos demais durante a prova toda…
E assim, com duas horas e vinte minutos de corrida cruzei a linha de chegada, sem forçar o cárdio, quase que respirando normalmente, sentindo um pouco os joelhos… Mas bastou esfriar o corpo no pós-corrida para eu começar a caminhar igual o Robocop, ahahahahah.
* Posição
Largaram 176 corredores na minha categoria que é de atletas com idade entre 60 e 65 anos. Eu cheguei em 140° lugar. Dos 8469 corredores que largaram na prova, eu cheguei em 7195°. Perfeito, para minha primeira competição e primeira meia-maratona, fiquei plenamente satisfeito. A vitória pela qual corro é sobre minha mente e o pace que eu busco é o da qualidade de vida.
* Idosos
Como eu disse, só na minha categoria eram 176 corredores. Havia muitos mais nas categorias acima. Gente saudável que, como eu, corre pelo prazer, pela qualidade de vida, e não pelo pódio ou pelo melhor pace… Muito bacana vê-los; ótimo pertencer a esta coletividade.
Um causo: era muito comum eu passar por uns corredores e, mais adiante, eles me passarem; outros me passavam e alguns quilômetro depois eu os alcançava… Pois bem, lá pelo quilômetro 12 uma senhorinha de uns 70/75 anos me passou, num belo trote… Pensei comigo, neste ritmo logo ali eu te alcanço… Doce ilusão, pois nunca mais encontrei ela, ahahahahah. A vovozinha não era fraca não, ahahahahahah.
* Meus companheiros aqui do Vale
Como nos desencontramos eu e os colegas do Vale, e só nos vimos no final, após a chegada, compartilho agora a impressão deles sobre a prova.
Isabela Gusmão: “foi uma experiência incrível, uma mistura de sentimentos, de emoção… foi incrível mesmo”;
Antônio “Guga” Nunes: “foi um momento mágico… tem coisas na vida que não existem palavras para descrever, que precisam ser sentidas para se conseguir mensurar o significado; a Maratona Internacional de Porto Alegre é assim…”.
Claudete Bastos Toillier: “foi incrível, muita energia positiva, estar participando onde não tem competição, onde é você com você mesmo… já estou pensando nos 42 k…; a sensação de bem estar não tem explicação; só sei dizer que é maravilhoso…”.
Pois então amigo leitor, foi assim que esse pequeno grupo de corredores aqui do Vale, que enfrentam frio, chuva, cães ameaçadores, motoristas desrespeitosos e uma séria de adversidades, se desafiaram e, com relativa preparação, boa-vontade, esforço e dedicação, participaram de um dos maiores eventos de atletismo de nosso estado. Foi pouca coisa não! E com certeza já estamos colhendo os frutos de nossa prática esportiva (mas isso é assunto para outro momento).
Bom fim de semana e até à próxima, se Deus quiser.