sábado, junho 28, 2025

Poeta & poesia

Escreveu Pr. Gerson Medeiros Leão

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Diante de uma nova oportunidade de opinião, o prezado leitor queira receber minha fraterna saudação.

Antes de começar a estudar aos 7 anos de idade, papai dedicou ensinar-nos as letras do alfabeto português e os números “até 100”. Saber a tabuada, de cor, era outra exigência. À medida do aprendizado no período primário (hoje fundamental), e depois, ginásio (hoje nível médio) a leitura e a escrita eram “sagradas, lá em casa!” “Tem que ler, guri… tá aqui o livro…” – era a voz ordenatória do pai, até mesmo antes de fazer “os temas de casa” e brincar. Na sala de aula havia uma hora de leitura, quando a professora ouvia atentamente e corrigia as ditas sílabas, os vocábulos e as frases pronunciados, verbos, pontuação… A redação a punho, com uso de lápis e borracha, então, era vital; parecia o “mais importante do mundo!”. O “caderno de caligrafia” era rigorosamente posto entre os livros e “varrido com olhar microscópico”. Letra malfeita ou fora da linha era razão para reescrever a mesma, em casa, cem vezes… (sem frisar o giz que voava antes para chamar a atenção do aluninho desatencioso, a parada em pé atrás da porta – em aula e diante dos colegas porque não fez o “castigo”, o bilhete para o pai assinar como aquele que ficava ciente da indisciplina, preguiça do moleque ou do menino “desligado”, sonolento…) O grande dicionário Larousse Cultural era o “livro para amansar o burro!” (Benditos pais! Bendita disciplina! Benditos professores! Bendita escola! Benditos livros!)

Afirmamos que não foi por menos que passamos a amar o conhecimento, tanto que não foi nenhum peso estudar, estudar (e até hoje, passados mais de setenta anos!).

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Quem sabe vocacionados, passamos a amar as letras, o idioma, e a profissão estabeleceu-se no desempenho da área jornalística. (E que universo!)

Mergulhado no mundo literário os nossos olhos também passaram a apreciar poetas brasileiros, principalmente os evangélicos…; a poesia e gêneros didático, lírico, épico e dramático… o poema em verso, prosa… a rima…  com temas cristãos e universais… Que cultura! Que beleza! Que humano! Que divino! Que significado! Sensacional! Que outro mundo!!!

Recordo a emoção que tomou conta da nossa vida quando “saiu no jornal” a primeira poesia. E foi o assassinato de Karl von Spreti, em 5 de abril de 1970, que moveu nossa pena em homenagem a este embaixador da Alemanha Ocidental, na Guatemala. Simples, diríamos, hoje com maior entendimento, sem uma mensagem que pudesse chamar a atenção e sem termos que interpretassem alguém catedrático e por isso, talvez, possuidor de sapiência e sensibilidade. (A poesia “sumiu” no meio da papelada que carregamos e ainda não organizada.)

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Por várias vezes o jornal “Correio Serrano” – um semanário circulante na cidade de Ijuí-RS, trouxe nossas poesias (mais tarde e até hoje somam-se outras para um livro de muitas páginas). Para ilustrar, eis um poema:

“O JORNAL

Céu aberto, terra fértil, sementeira

Onde corre a sólita pena faceira

Graça o tipo e traço inerte, duro

Soergue o lábaro incontestável puro.

Forma a grafia em tom correlato

Ilustra o ponto com expressão do ato

Expõe a razão do Ser mais solícito

Alinha o traço maior do bem explícito.

Discreto evoca linhas sensatas

Dilúcido opina ao chão vigoroso

Recebe e não trepida às desideratas

Incólume antevendo o tempo incerto

Reserva desacato que calça um desgostoso

Traduz um alegre vínculo de bojo aberto”

O pai, a mãe, o professor, o amigo não só viviam e apreciavam a poesia mas procuravam descobrir talentos poéticos possivelmente existentes na criança; sim, no menino, na menina; estimulavam já na fase inicial da vida! (E não fica por menos que reconhecidos poetas encantaram [e encantam] o mundo com seus versos, desde pequenos.)

Um poeta fazia sonhar… provocava leveza de alma… podia levar até ao fictício… (podia levar para outros rumos…) mas conseguia transpor até ao natural, deixando um rastro ou questões inculcadas nas mentes e corações o belíssimo… o puro… a verdade… o desconhecido… o imaginário…

(Fossemos tratar especificamente de Bíblia descobriríamos quanta poesia. Por exemplo, os livros Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão.) Deixando de lado, …

Com o passar dos tempos nota-se, porém, que a maneira criativa e estética dos que deveriam deixam emanar do seu interior o que há de mais lindo, melhor, e menos dramático, não evoca emoções, sensações e ideias como “antigamente”. (Abro parêntesis respeitando os remanescentes, os verdadeiros, os reconhecidos poetas de hoje, e para estes bato palmas.)

Façamos um teste: busquemos poesia na mídia… ou peçamos para o(a) menino(a), o(a) moço(a); procuremos na própria escola de ensino secular, na Igreja, na dramaturgia e outras artes … onde a POESIA??? (Poesia, repito. E quando perguntamos é no sentido da mais profunda definição que vai além de uma obra literária apenas escrita em versos, composição, e, sim, comoção, alma agitada positivamente, inspiração retirada da mente e coração cheios de encanto, fascinação, maravilha, sabedoria e eloquência…)

Por conseguinte, que poesia vai ecoar mundo a fora se o pai, a mãe, o professor, o líder religioso, enfim, os responsáveis pela educação, também não vivem, não conhecem este lado de brilho latente que pertence aos humanos?

Por que será que o mundo está em guerra? Serão dezenas e dezenas de respostas como tentativas de explicação e justificação, no entanto, numa das raízes está a falta de/da POESIA, do POETA invasivo, contundente! Ao contrário, desde cedo mentes e corações são doutrinados e treinados para destruição do semelhante. Logo, que fruto se dará? Lamentável!!!

Por último, vale perguntar ainda: Que poesia estamos vivendo, escrevendo, recitando e deixando para os nossos filhos, nossos netos, nossos parentes, nossos amigos, nossos irmãos em Cristo, nossos compatriotas?

Descubramos e estimulemos novos poetas! … poetas não só de bom humor, com inteligência emocional e outros requisitos, a não ser de essência divina e pureza humana… Então a poesia não só tomará o seu devido lugar mas encherá a vida e a terra de alegria e paz.

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