Rosibel Fagundes
As geadas registradas nas últimas semanas provocaram prejuízos significativos em lavouras de tabaco no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Em várias propriedades, o gelo queimou as folhas mais jovens, tornando-as quebradiças e escurecidas com o passar das horas, um efeito semelhante ao de “cozimento” causado pelo frio extremo.
Na localidade de Cerro Alegre Alto, interior de Santa Cruz do Sul, o agricultor Giovane Weber optou por adiar o plantio para evitar perdas maiores. “Nossa previsão era iniciar hoje (25), mas tivemos chuvas intensas e, logo depois, geadas. Então decidimos segurar as mudas por mais alguns dias”, esclarece. A família planta tabaco no mês de julho há cinco anos, exceto em 2023, quando o início foi antecipado para junho.
Apesar de o atraso no calendário começar a preocupar, Weber afirma que ainda é possível manter a qualidade das mudas. “Fizemos hoje a quarta poda em 20 mil mudas, o que ainda é normal. Mas se não conseguirmos plantar logo, elas começam a passar do ponto. A gente está se programando para começar na próxima semana, se o clima ajudar”, comenta.
Segundo ele, o cuidado com o momento certo de plantar é fundamental, especialmente diante das variações climáticas. “O chamado ‘tabaco de inverno’, apesar do nome, não é uma variedade específica. Ele é apenas plantado e colhido em épocas mais frias, o que aumenta o risco de geadas”, explica. Em regiões onde o frio foi mais intenso com temperaturas entre -1°C e -4°C, os danos foram maiores, com registros de lavouras parcial ou totalmente destruídas. “Onde o tabaco já estava maior, a geada causou mais estrago. Aqui na nossa região o frio não foi tão severo, por isso as perdas foram menores”, afirma.
Weber alerta ainda para os cuidados no manejo das mudas, como evitar regas no final do dia, o que pode aumentar o risco de congelamento à noite. Ele reforça que o planejamento correto é essencial: “Cada cultura tem sua época ideal. É preciso conhecer o clima da região e aprender com os erros. Alguns produtores que tiveram prejuízo no passado estão mais cautelosos este ano.”
A expectativa agora é de que as condições climáticas melhorem nos próximos dias para que o plantio possa começar sem mais prejuízos.