Com a continuidade do tempo seco e longos períodos de sol, a colheita da soja e do milho avança para a reta final no Rio Grande do Sul. Segundo o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado nesta quinta-feira (09/05), a soja já foi colhida em 95% da área cultivada no Estado, enquanto o milho atinge 92% da colheita. As áreas remanescentes estão em fase de maturação (5% para ambos os grãos), e o milho ainda registra 3% em enchimento de grãos.
Soja: produtividade abaixo do esperado e perdas no campo
A colheita da soja já foi concluída em diversas regiões, como Planalto e Alto Uruguai, no Norte e Nordeste do Estado. Apesar do avanço nos trabalhos, a formação de orvalho intenso nas primeiras horas da manhã tem atrasado o início das operações de campo, aumentando o risco de perdas com grãos deteriorados ou danificados.
A produtividade segue bastante irregular, com variações de 1 mil a 2,5 mil quilos por hectare — níveis inferiores aos inicialmente estimados. A seca prolongada, que chegou a durar até quatro semanas em algumas áreas, contribuiu para a debulha natural dos grãos ainda em campo. Na Região Oeste, técnicos da Emater/RS-Ascar identificaram perdas médias de 80 kg/ha, com grãos espalhados no solo antes mesmo da passagem das colheitadeiras.
As indenizações do Proagro e Proagro Mais estão sendo liberadas com maior agilidade nesta safra, favorecidas por medidas como a dispensa da apresentação de notas fiscais. Porém, a cobertura reduzida dos programas e os critérios de enquadramento têm limitado o acesso à compensação para lavouras de baixa produtividade, especialmente entre produtores de médio porte e agricultores que não contam com garantia de renda mínima.
Finalizada a colheita, os agricultores aguardam chuvas para recompor a umidade do solo e viabilizar o plantio das culturas de inverno, plantas de cobertura ou adubação verde. Enquanto isso, realizam práticas conservacionistas como calagem, subsolagem e construção de terraços, com foco na melhoria das condições do solo e na contenção da erosão.
Milho: seca ameaça lavouras em enchimento de grãos
A colheita do milho avança mais lentamente, devido à espera pela conclusão do ciclo em lavouras plantadas em dezembro. Nas áreas colhidas, o tempo seco e ensolarado favoreceu a trafegabilidade das máquinas agrícolas. No entanto, a ausência de chuvas tem prejudicado as lavouras ainda em enchimento de grãos — estágio crucial e sensível ao déficit hídrico.
Embora as temperaturas mais amenas e a formação de orvalho noturno tenham amenizado o estresse hídrico, há risco de perdas adicionais caso a estiagem persista nas próximas semanas. Em regiões com precipitações pontuais, alguns produtores já iniciaram o plantio de culturas de cobertura, preparando o solo para a próxima safra, prevista para começar em agosto. No restante do Estado, no entanto, a baixa umidade do solo ainda impede o avanço dessas atividades.
Com os ciclos de soja e milho praticamente encerrados, o setor produtivo agora concentra esforços na preparação para a safra de inverno e na avaliação dos impactos econômicos causados pelo clima adverso.