Rosibel Fagundes
A colheita da soja no Rio Grande do Sul já alcança 80% das áreas cultivadas na safra 2024/2025, segundo o Informativo Conjuntural divulgado na última quinta-feira, 24, pela Emater/RS-Ascar. Outros 17% dos cultivos estão em fase de maturação e 3% ainda em enchimento de grãos. O avanço das operações tem sido favorecido por condições climáticas estáveis, com predominância de dias ensolarados e tempo seco, o que também tem beneficiado a logística no campo.
A sequência de dias secos reduziu a umidade dos grãos colhidos, que variou entre 12% e 13%, eliminando a necessidade de secagem em unidades de armazenamento. Esse fator tem acelerado o escoamento da produção, que havia sido prejudicado pelas chuvas no início de abril. A baixa umidade também tem viabilizado a reserva de sementes próprias para a próxima safra, já que a sanidade das lavouras e a secagem natural em campo têm garantido um bom padrão qualitativo.
Contudo, a produção de soja no Rio Grande do Sul poderá sofrer uma quebra de até 30%, devido à estiagem prolongada. Essa é a quarta estiagem consecutiva no Rio Grande do Sul e tem causado graves danos às lavouras. Em muitas regiões, a colheita tem sido irregular, com algumas lavouras secando antes do tempo e outras com desenvolvimento satisfatório, refletindo em rendimentos desiguais. Na região do Vale do Rio Pardo, por exemplo, a estiagem obrigou muitos produtores a anteciparem a colheita. Em Passo do Sobrado, o agricultor Jader Queiroz, que cultivou 480 hectares nesta safra — mesmo número da anterior, relata prejuízos causados pela falta de chuva.
“O prejuízo com a estiagem foi grande nesta safra, e tivemos que antecipar a colheita devido à falta de umidade e ao rápido amadurecimento das plantas. Começamos a colher no dia 10 de março e devemos finalizar no fim deste mês. A expectativa de produtividade é de 35 sacas por hectare”, afirma.
Colheita do arroz também avança, mas sofre com oscilações térmicas
A colheita do arroz também segue em ritmo acelerado e já atingiu 87% da área plantada no estado. O tempo seco tem sido determinante para esse avanço, apesar de algumas dificuldades operacionais pontuais provocadas por neblina densa e dias nublados.
Desde a última quinta-feira, 17, as condições meteorológicas melhoraram consideravelmente, permitindo o prosseguimento da colheita com menos danos mecânicos. A redução da umidade dos grãos, agora abaixo de 18%, tem facilitado o trabalho no campo. No entanto, a grande amplitude térmica registrada, com máximas acima dos 30°C e mínimas abaixo dos 10°C, tem aumentado a quebra dos grãos durante a colheita e o beneficiamento, o que pode impactar negativamente na classificação comercial do produto.
Saiba Mais
Nesta quinta-feira (24), a colheita do arroz no Rio Grande do Sul atingiu 85,7% da área semeada. A Fronteira Oeste e a Planície Costeira Externa são as regionais mais próximas de concluir a colheita, com 95,3% e 95,1% da área já colhida, respectivamente. A Planície Costeira Interna contabiliza 86,4% da área colhida seguida pela Zona Sul com 83,9%, Campanha com 76,3% e Região Central com 65,5%.
Segundo Luiz Fernando Siqueira, gerente da Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural, apesar das condições climáticas favoráveis, o período diário de trabalho na lavoura é menor, fazendo com que a colheita avance lentamente.
De acordo com os dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), até o momento a produtividade média do grão é de 9.022 kg por hectare. No entanto, a tendência é que a média se ajuste com a colheita das lavouras tardias. “A produtividade final poderemos dar apenas quando todas as regionais concluírem a safra, mas sabemos que a média poderá cair”, avalia Siqueira.
Os dados sobre a colheita do arroz são coletados e divulgados semanalmente pelo Irga, por meio da plataforma Safra, que oferece informações precisas e detalhadas sobre o andamento da semeadura e da colheita. A plataforma é alimentada pelos 37 escritórios do Irga distribuídos em todas as regiões arrozeiras do Estado.