sexta-feira, fevereiro 14, 2025
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Duas alunas de Vale Verde integram revista da Ajuris com os 20 melhores textos produzidos no Estado

Na tarde da sexta-feira, dia 26, foi realizado em Porto Alegre, no Palácio da Justiça, o lançamento da lll edição do Prêmio Ajuris de Redação nas Escolas e da revista que contempla os 20 melhores textos produzidos por alunos da rede estadual e municipal do Rio Grande do Sul no ano passado.

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O evento foi promovido pela Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul e recebeu 16 estudantes das redes públicas de ensino para uma sessão de autógrafos coletiva, alunos esses participantes da segunda edição do concurso em 2023, que tiveram suas redações selecionadas para serem publicadas na revista recém-lançada.

Duas estudantes de Vale Verde tiveram seus textos publicados na revista, e participaram da sessão de autógrafos, sendo Eduarda Wandscheer Silveira, vencedora da categoria Ensino Médio no ano passado e Isabela Thiesen Franke, ambas da escola estadual Curupaiti,. “Sou de uma cidade pequena e afastada, então participar de um projeto que posteriormente eu e minha escola possamos ser reconhecidas é muito legal. É uma oportunidade entregue a nós, só precisamos ter confiança e vontade de trabalhar”, disse Eduarda ao ser entrevistada no evento.

O lançamento contou com a presença do prefeito Carlos Gustavo Schuch, do diretor da escola Curupaiti, Leandro Henrique Mayer, da orientadora das duas alunas, Alexandra Rosa e do coordenador regional da 6ª CRE, Luiz Ricardo Pinho de Moura, além da mãe e da avó da vencedora do concurso, Tatiane Rodrigues Wandscheer e Neli Uberti Silveira respectivamente. O lançamento também contou com a presença do presidente do Tribunal de Justiça do RS (TJRS), Alberto Delgado Neto.

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“Tanto a Eduarda quanto a Isabela têm um diferencial raro nos dias de hoje, desejo de aprender e consciência dos benefícios que a escola pode proporcionar, tanto pra vida pessoal quanto profissional. São alunas que aproveitam o que o professor tem a oferecer diariamente e buscam informação e conhecimento além dos muros da escola”, salientou a orientadora Alexandra Rosa.

O prefeito Carlos Gustavo Schuch disse que se sentiu extremamente honrado com a distinção feita ao município de Vale Verde pela Ajuris, por conta das alunas Eduarda e Isabela. “Além de termos dois textos de duas estudantes selecionados para a revista, tivemos a Eduarda como vencedora do concurso no ano passado em nível de estado, o que nos enche de orgulho. Vale Verde está de parabéns, pois nesses últimos anos, nos destacamos em diversos setores, o que demonstra que estamos no caminho certo”, destacou o prefeito.

Confira os textos das duas alunas publicados na revista: 

Texto Isabela Thiesen Franke

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Balança da justiça


A justiça é uma balança
Busca igualdade para todo ser
É a luz que guia o destino
A força que deve fazer o bem prevalecer

Nem sempre a balança é justa
O peso muitas vezes é desigual
E com os olhos vendados…
As decisões nem sempre enxergam o ideal

A justiça ouve a lei
E quem ouve o injustiçado?
Por quem o menino queria ser amparado?
O pobre podia pagar?
Quem ouviu o pai dizer que seu filho não podia alimentar?
Quem ouviu os que tiveram a liberdade perdida,
Sem ter a voz reconhecida?

A justiça precisa os olhos vendar
Seguir cegamente o que diz a lei a nós
Mas assim será que consegue ajudar?
Os excluídos precisam de oportunidade e voz

A esperança somos nós jovens
Com visão de futuro e mudança
Podemos contribuir nesta busca insistente
Ouvir as necessidades é nos dar uma chance
De termos um futuro bonito e decente
E quem sabe… Sentirmos o equilíbrio da balança.

 

Texto Eduarda Wandscheer Silveira – 1ª colocada no concurso

Quem a justiça (não) ouve

  “A justiça tarda, mas não falha,” tal ditado popular reflete uma ideia do que deveria ser a  justiça: um sistema que pode não ser o melhor, porém, tem êxito em sua totalidade. Entretanto, essa ideia mostra-se fantasiosa ao levar em consideração o contexto atual, uma vez que o tão aclamado sistema judicial, muitas vezes, não ouve aqueles que mais precisam dele. Assim, sujeitos que, em sua generalidade, são mais fragilizados têm suas oportunidades de buscar por paridade vedadas pelos mais variados motivos.

   A exemplo disso, é possível citar o famoso caso de violência contra Maria da Penha. Ela, uma farmacêutica natural do Ceará, enfrentou dentro de sua própria casa o abuso realizado pelo seu marido, e, ao buscar por justiça e denunciar seu agressor, teve que combater a  falta de apoio e desconfiança por parte das autoridades. Ademais, não são apenas episódios de grande repercussão que refletem a pouca atenção e segurança jurídica concedida às camadas mais vulneráveis da sociedade. Todos os dias, mães são afastadas de seus filhos, trabalhadores sofrem em local de trabalho,  entre outros. Ou seja, histórias como a de Maria frequentemente se advém de cidadãos que não foram escutadas por quem deveria protegê-los.

   Além disso, vale ressaltar que, o grande número de injustiças não é causado somente por negligência ou aspectos de igual natureza, mas sim, é uma consequência da precariedade que abrange tal sistema. Escassez de recursos e transparência, má gestão, a morosidade que acompanha cada processo e a  corrupção são apenas alguns dos obstáculos que marcam presença quando algum indivíduo resolve procurar por equidade e consideração por parte da lei. Desta forma, as pessoas também são coagidas -pela sua própria desconfiança na infraestrutura jurídica- a desistirem de serem ouvidas, visto que terão de enfrentar imensos impasses durante sua luta.

   Portanto, diferentemente da ideia repassada pelo supramencionado ditado popular, a justiça tarda, e sim, falha. Todavia, essa cruel realidade não deveria impedi-la de, de uma vez por todas, escutar a farmacêutica, a mãe, o filho, o trabalhador e quaisquer outro que necessite dela. Outrossim, o ideal, mas ainda utópico, seria se esse sistema deixasse de tratar como iguais aqueles para os quais a  voda foi/é desigual. Pois, nas palavras do político e jurista brasileiro Rui Barbosa, “Se os fracos não tem a força das armas, que se armem com a força do direito.”

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