A tragédia provocada pelas chuvas também provocou impacto no desabastecimento de alimentos. Na semana passada alguns supermercados registravam a falta de alguns produtos, principalmente na seção de hortifruti e granjeiros como batata, cebola, tomate e banana. Conforme o presidente do Sindicato de Gêneros Alimentícios dos Vales do Rio Pardo e Taquari (Sindigêneros), Celso Müller, não há risco de desabastecimento, a questão é o aumento da demanda que muitas pessoas compram sem necessidade e a logística de acesso aos mercados.
“Produto tem, o que faltam são algumas marcas. O consumidor pode não encontrar determinada marca de feijão ou arroz, mas vai encontrar outra. O que é mais difícil de encontrar são frutas e verduras. Alface, repolho, brócolis é impossível de achar. Cebola e batata não tinham na semana passada e agora voltou ao normal”, esclarece.
A previsão é de que a normalização do abastecimento de todos os produtos ocorra em até vinte dias. Contudo, Miller ressalta que algumas marcas de produtos poderão desaparecer por um período de seis meses, por conta dos prejuízos que a empresa sofreu.
Na segunda-feira, 06, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que há dez unidades processadoras de carnes de aves e de suínos do RS paralisadas ou com dificuldades de operar pela impossibilidade de processar insumos, ou transportar funcionários e alertou para o risco de desabastecimento no estado.
A situação também impacta no preço de alguns alimentos, mas ainda não se sabe qual o tamanho do impacto na inflação do país. Conforme Miller, o custo do frete e os prejuízos nas empresas são decisivos para esse aumento.
“Ainda não sabemos, mas muitas empresas estão contabilizando os prejuízos e o aumento será inevitável para diminuir o prejuízo. Por exemplo, uma empresa de arroz que já perdeu muito, acenou com o aumento de 5%. Tem também a questão do frete, com a situação das condições das estradas alguns caminhões andam mais de 400 quilômetros para chegar ao seu destino. Tem cidades aqui, que estão recebendo alface do Rio de Janeiro, daí imagina o custo disso aí?”, ressalta.
Alguns outros produtos que também estão no radar para avaliação de possíveis aumentos de preços e impactos na inflação são carnes bovinas e suínas e o leite.