quinta-feira, julho 10, 2025
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Colheita da soja é praticamente concluída no Rio Grande do Sul, mas perdas preocupam produtores

A colheita da soja está praticamente encerrada no Rio Grande do Sul, com apenas áreas residuais pendentes — sobretudo de cultivos tardios ou de segunda safra — aguardando condições climáticas mais favoráveis para serem colhidas. Segundo o Informativo Conjuntural divulgado nesta quinta-feira (29) pela Emater/RS-Ascar, esses remanescentes representam menos de 0,5% da área total cultivada no Estado e não devem impactar significativamente a produtividade média, estimada em 1.957 kg por hectare. O índice representa uma queda de 38,43% em relação à projeção inicial de 3.179 kg/ha.

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Ao todo, o Rio Grande do Sul cultivou 6.770.405 hectares com soja nesta safra. A forte estiagem que atingiu o Estado nos últimos meses é apontada como a principal causa da drástica redução na produtividade. Diante das perdas, cresce entre os produtores a demanda por securitização das dívidas. Sem medidas concretas de renegociação, existe a preocupação com a possibilidade de uma retração expressiva na área destinada à cultura na próxima temporada.

Milho: colheita se aproxima do fim, mas clima ainda preocupa

A colheita do milho também avança no Estado, com 96% das lavouras colhidas. Os 4% restantes incluem cultivos em maturação e em enchimento de grãos, sobretudo de segunda safra. Apesar das chuvas dificultarem os trabalhos no campo, as lavouras remanescentes apresentam bom potencial produtivo.

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A produtividade média da cultura foi estimada pela Emater/RS-Ascar em 6.857 kg/ha — queda de 3,6% em relação à projeção inicial. A área cultivada totaliza 706.909 hectares. Enquanto isso, produtores já iniciam os trâmites de custeio da próxima safra junto a agentes financeiros cooperativos, aproveitando as atuais condições de crédito e cobertura do Proagro. Muitos já adquiriram sementes, priorizando variedades mais precoces e resistentes à cigarrinha-do-milho.

Silagem e arroz: encerramento das safras e atenção à próxima temporada

Quase toda a área de milho destinada à produção de silagem já foi colhida — 99% até o momento. As lavouras restantes estão em fase de maturação e devem ser colhidas nos próximos dias, a depender da melhora do tempo. A produtividade foi estimada em 35.934 kg/ha, o que representa uma redução de 6,52% em relação à estimativa inicial.

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Já a safra de arroz está tecnicamente encerrada, com apenas áreas pontuais ainda não colhidas. A produtividade média foi de 8.558 kg/ha em uma área total de 970.194 hectares. Enquanto isso, produtores das regiões Sul e Campanha observam com preocupação o baixo nível das barragens, mesmo após chuvas recentes. Na Fronteira Oeste e Centro-Oeste, as precipitações contribuíram para a recuperação dos reservatórios, elevando as expectativas para a próxima safra.

Feijão segunda safra: colheita avança com atenção à umidade

A colheita do feijão da segunda safra atingiu 65% da área cultivada, estimada em 15.597 hectares. As chuvas dificultam o avanço dos trabalhos e elevam os níveis de umidade dos grãos, exigindo secagem imediata para preservar a qualidade. A produtividade está estimada em 1.316 kg/ha.

Culturas de inverno: trigo, aveia, canola e cevada

A semeadura do trigo foi impulsionada pela ampliação das áreas aptas no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) a partir de 21 de maio. Contudo, as chuvas interromperam os trabalhos a partir do dia 24. A retomada dependerá da melhora nas condições do solo.

A aveia branca tem ganhado espaço como alternativa para produção de grãos e sementes, impulsionada pelos preços de mercado e pela viabilidade como cultura de inverno. As lavouras já implantadas mostram bom desenvolvimento inicial, embora a umidade do solo tenha limitado a semeadura em algumas regiões.

A canola avança em áreas de semeadura, superando a metade da área prevista em algumas regiões. Porém, as chuvas preocupam, especialmente no Centro-Oeste do Estado, onde o excesso de umidade pode comprometer o estande e a produtividade. Ainda assim, a cultura segue se consolidando como alternativa ao trigo, destacando-se pela rusticidade e eficiência na rotação de culturas.

A cevada, por sua vez, iniciou sua semeadura voltada à produção para ração animal. As áreas destinadas à produção de malte seguem em fase de preparo. A cultura ainda apresenta baixa expressão no Estado, em razão das exigências específicas de qualidade do grão e da maior competitividade de outras opções de inverno.

Pecuária: oscilações no estado corporal e produção leiteira em recuperação

Na bovinocultura de corte, observa-se leve declínio no estado corporal dos animais criados em campo nativo, reflexo da queda de temperatura e do aumento da umidade, que afetam a qualidade das pastagens. Em contrapartida, cresce a disponibilidade de forragens cultivadas, como aveia e azevém.

Na bovinocultura de leite, há sinais de recuperação produtiva após semanas de vazio forrageiro. A melhora das pastagens tem permitido reduzir o uso de concentrados e volumosos, aliviando os custos de produção. Há, porém, alerta para novos casos de raiva herbívora no Estado e em Santa Catarina.

Piscicultura e pesca artesanal: impacto do clima e desafios de comercialização

Na região de Erechim, a renovação das águas nos açudes foi favorecida pelas chuvas recentes, embora a queda de temperatura e a redução do fotoperíodo tenham reduzido o metabolismo dos peixes e o consumo de ração.

Em Porto Alegre, piscicultores reduziram a oferta de ração, especialmente para espécies tropicais como a tilápia, por conta da água fria. Já na região de Pelotas, a pesca artesanal na Lagoa dos Patos apresentou boa produtividade, mas preços baixos. Não houve safra significativa de camarão. Em Tavares, a Lagoa do Peixe permanece aberta para essa pesca.

Na região de Santa Rosa, a pesca no Rio Uruguai segue intensa, com bons resultados. No entanto, alguns pescadores já consideram reduzir as atividades devido à limitação na capacidade de armazenamento dos peixes capturados.

Fonte: Informativo Conjuntural – Emater/RS-Ascar

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