TABACO
Fetag alerta sobre os riscos de os produtores apostarem no tabaco de inverno
Rosibel Fagundes
Alguns produtores de tabaco estão buscando formas para otimizar a produção. Uma das opções, além da diversificação de culturas como grãos, tem sido o plantio em duas estações: verão e inverno. Após o fim da colheita de verão eles já semeiam o produto que será para a próxima colheita, a de inverno, que deverá ocorrer nos meses de maio e junho, quando também inicia a plantação de verão. Mesmo com a questão climática podendo impactar, já que o tabaco é sensível a geada, os produtores acreditam que os benefícios podem ser maiores do que os riscos.
A principal plantação sempre foi no verão, mas para os produtores que apostam no fumo de inverno, três fatores são considerados favoráveis. O primeiro deles é a valorização do tabaco que nos últimos anos se manteve com um bom preço. Em segundo, é a questão da mão de obra familiar e de utilizar a estrutura que fica parada como os fornos, máquinas e a mão de obra. E o terceiro, é fugir das altas temperaturas do verão que em alguns dias chega a ficar a acima de 40 graus.
Para a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), o produtor deve estar consciente dos riscos.
“A gente tem uma preocupação com este plantio de inverno pois nunca rende a mesma produção do plantio normal e também pela questão da qualidade. A Fetag não é contra, mas o produtor tem que saber equilibrar e ver o que vale a pena. Se o produtor está vendendo bem e está com um preço razoável nas últimas três safras é por que a safra está equilibrada. Se desequilibrar plantando no inverno com qualidade ruim, vamos ter problemas. Tem que ter a consciência e plantar somente o necessário, não aumentar muito o plantio porque isso pode se voltar contra ele na próxima safra. Imagina se todos começarem a plantar, vamos voltar a ter superprodução de quantidade e a qualidade do fumo de fora de época nunca é normal, o que vai prejudicar toda a cadeia produtiva”, esclarece o presidente Carlos Joel da Silva.
Silva ressalta ainda, que a Fetag não é contra esse sistema de plantio, mas a escolha deve ser individual. “Tem produtores plantando fumo o ano todo. Não é errado, mas é perigoso. Até o ano passado era uma escala muito pequena de produtores que plantavam fora de época, na safra passada teve aumento significativo e agora tem bem mais. As empresas fomentam o plantio, pois para elas não interessa ter uma safra equilibrada como temos agora, elas querem ganhar dinheiro. Mas, isso pode inferir no valor da próxima safra”.
Agricultor fez a experiência de dois anos de plantar na entressafra
Para o agricultor Jorge Matias Reckziegel, de Linha 17 de Junho, no interior de Venâncio Aires, que planta tabaco há 18 anos, a experiência de plantar na entressafra foi positiva. Contudo, garante que agora vai plantar somente na safra normal. “Apesar de dar mais trabalho por causa do calor e de ter que tirar e colocar sombrite toda a hora nas mudas, a experiência de dois anos na entressafra foi muito boa. Só que a nossa ideia naquela época não era produzir mais fumo, e sim fazer a rotatividade das lavouras”, explica.
Atualmente o produtor cultiva menos tabaco, do que quando fazia duas colheitas. “Conseguimos produzir mais, o rendimento foi favorável quase igual a safra normal. Mas, com o valor mais rentável que temos nos últimos anos o ideal é plantar somente o necessário e com qualidade. Recuperamos as nossas lavouras e estamos satisfeitos, fizemos uma safra só”, conta.
Na safra anterior ele plantou 58 mil pés de tabaco, e em 2022 foram 56 mil. Antes de fazer a entressafra, Reckziegel e a família, plantava entre 75 a 85 mil pés.
COP – 10
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação de Santa Cruz do Sul e Região (Novo Stifa), realizará a cobertura da 10ª Conferência das Partes (COP-10) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Cqct). O evento mundial, coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), acontecerá de 5 a 10 de fevereiro, no Panamá e foca em questões relacionadas ao setor tabagista. Com isso, o objetivo do trabalho é produzir conteúdos especiais, para informar os trabalhadores gaúchos da indústria.