Além de arrecadar uma variedade de produtos, a escola criou projetos sustentáveis com a comunidade escolar
Rosibel Fagundes
A rede de solidariedade em prol das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul se estende por todo o país e até fora dele. Diversas entidades sociais, instituições, agentes públicos, empresas e voluntários estão se movimentando para arrecadar mantimentos e itens de higiene, e de sobrevivência para os atingidos. Na Escola Estadual de Ensino Médio Alexandrino de Alencar, de Passo do Sobrado, não poderia ser diferente. A instituição de ensino além de ser um ponto de coleta de donativos, de itens prioritários como alimentos não perecíveis, produtos de higiene e limpeza, roupas, calçados, materiais escolares e água mineral, também está com dois projetos sustentáveis que visam auxiliar os necessitados: o Projeto de Produção de Sabão Caseiro, tanto em barra quanto em líquido, e o Projeto Tricô Solidário.
O Projeto de Produção de Sabão Caseiro, além de ser uma medida sustentável e econômica, com intuito de ensinar os estudantes a técnica e a importância da sustentabilidade, enquanto exploram conceitos científicos relacionados a misturas e propriedades antibacterianas do sabão, também contribui no auxílio da limpeza de roupas e residências acometidas pelos desastres naturais.
Segundo o coordenador do projeto, o professor de Ciências e Biologia, Ademir Carvalho, a iniciativa desperta o senso de solidariedade, bem como a responsabilidade social dos alunos.
“As atividades desenvolvidas em regime de colaboração, envolvem os estudantes em atividades práticas que estimulam o trabalho em equipe e, além dos conhecimentos acadêmicos proporcionados, despertam o senso de solidariedade, bem como a responsabilidade social, tornando-os agentes de mudança em suas próprias comunidades. Agradecemos a todos os envolvidos, assim como os comércios que doaram o óleo usado no projeto”, esclarece.
O Projeto Tricô Solidário, iniciativa das professoras de Língua Inglesa Márcia Kroth e da de Artes, Alessandra Rosa, visa além de aquecer o inverno daqueles que estão desalojados ou desabrigados, e que atualmente encontram-se em abrigos, também amenizar um pouco do sofrimento em forma de carinho. De acordo com a professora Márcia, o projeto é uma extensão do que já existia na escola.
“O projeto começou bem antes da tragédia e tinha o objetivo inicial de levar o artesanato do tricô para os estudantes de 7º e 8° anos, e trazer com isso a questão do diálogo, da aproximação, para que o jovem pudesse se distanciar um pouco do celular. Depois da tragédia, o projeto veio como uma extensão, de ajudar as vítimas das enchentes. E como nossas estudantes são aprendizes e não dispõem ainda de muita habilidade de fazer uma peça, estamos recrutando as mães, as tias e as avós de nossos alunos, além de ex-alunos, professores aposentados entre outras pessoas que gostam de tricotar e tenham interesse em ajudar”, esclarece.
As voluntárias irão produzir as peças no conforto de seus lares. De acordo com Márcia, a ideia é deixar todas a vontade para escolher qual peça irão produzir (se for meia, touca, manta, blusão entre outros), e o tamanho que farão, se adulto ou infantil. Contudo, não está descartada a possibilidade de também, em grupo, produzirem colchas de tricô.
“Não imaginávamos a repercussão que teria esse projeto, lançamos esta semana o convite nas redes sociais e recebemos muitas mensagens de pessoas interessadas. Uma delas inclusive, reside em Santa Maria, mas que possui vínculo com o nosso município. Ela disse que lá, estão fazendo quadradinhos de tricô em um determinado tamanho (tipo 20×20), e depois alguém fica responsável por costurar e finalizar a colcha. É uma ideia muito legal,” disse.
Os insumos, agulhas e lã, estão sendo doados por voluntários e por um ateliê do município. Empresas e pessoas interessadas em doar (não precisa ser novelos de lã, pode ser sobras), ou participar do projeto, devem entrar em contato com a secretaria da escola. A expectativa é de que algumas peças de tricô fiquem prontas nos próximos 15 dias. A doação será feita para pessoas que estão em abrigos de uns municípios vizinhos.