Tem gente que vive com um mantra na cabeça: “vem a mim, tudo a mim, só a mim.” E sinceramente? Está na hora de dar um basta nessa mentalidade. A vida não é sobre levar vantagem o tempo todo. A vida — pelo menos a vida que vale a pena — é feita de trocas, de reciprocidade, de saber ceder e ajudar. Como diz o velho ditado: uma mão lava a outra.
Mas o que mais se vê por aí é gente estendendo a mão só para receber. Nunca para oferecer. Querem apoio, querem atenção, querem favores, querem compreensão — mas na hora de retribuir, somem. De repente estão ocupados demais, sem tempo, ou simplesmente fingem que não é com eles. A famosa “lei de Gerson” disfarçada de inocência: sempre querendo levar vantagem em tudo.
Só que não é assim que se constrói nada de verdade. Nem amizade, nem parceria, nem convivência. A via tem que ser de duas mãos. Uma vai, a outra vem. Se só um lado se movimenta, a estrada trava. A relação quebra. E quem só vive no modo “receber”, uma hora descobre que ficou sozinho.
É preciso dizer sem rodeios: não é justo, nem saudável, esperar que o mundo gire ao redor de você. Se você quer ser ouvido, aprenda a ouvir. Se quer ser ajudado, aprenda a ajudar. Se quer respeito, ofereça respeito. Ninguém tem obrigação de estar sempre disponível para quem só aparece quando precisa.
Relação boa é relação de troca, não de aproveitamento. E não estou falando de fazer as coisas esperando algo em troca imediata — estou falando de equilíbrio, de consciência. É sobre saber que o outro também sente, também precisa, também merece.
E sabe o que é mais curioso? Quem mais exige, geralmente é quem menos entrega. Vive cobrando presença, apoio, fidelidade, mas não segura a onda de ninguém. Vive esperando o máximo do outro, mas oferece o mínimo. E isso cansa. Isso afasta.
Então, se você quer ser bem-vindo nas relações, comece perguntando: o que eu tenho oferecido? O quanto eu estou presente, disponível, comprometido? Porque reciprocidade não é favor — é base. Sem ela, tudo desmorona.
No fim, a verdade é simples: ninguém caminha sozinho, mas também ninguém aguenta carregar alguém que só sabe receber. Uma mão lava a outra, sim — mas as duas têm que estar dispostas.