sábado, outubro 5, 2024
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BRENO PIRES MOREIRA

Bom dia amigos leitores

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* Capítulo 8 – Dias 07 e 08 da viagem (12 e 13/02/24) – Segunda e terça-feira

E depois de 2574 km percorridos desde o Vale Verde, depois de enfrentarmos chuva, vento, muito calor, frio, neve, mais chuva, mais calor, retas, subidas e mais subidas, vales e mais vales, chegamos enfim em nosso destino no meio do deserto: São Pedro de Atacama.

* A cidade do deserto

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São Pedro de Atacama é uma pequena cidade, com aproximadamente 5.000 habitantes, localizada no deserto do Atacama, planalto que está na Cordilheira dos Andes, no nordeste do Chile. Fica há 2.450 m de altitude e foi fundada pelos espanhóis em 1450 (antes do “descobrimento” do Brasil portanto…).

Logo na chagada nos chama atenção o contraste de um moderno posto de combustíveis com algumas características da cidade: SPA é totalmente horizontal (não tem prédios), a maioria das casas é feita de barro (adobe, um tijolo de terra e fibras vegetal misturados com água, moldados e secos ao ar livre – sem queima), e muitas tem reboco por sobre esse material. A maioria das ruas não tem calçamento, inclusive a rua principal, denominada Los Caracoles, é de chão batido. Em muitas ruas não se veem as casas, mas apenas altos muros de adobe, um grudadinho no outro, que servem para resguardar as residências dos fortes ventos (e acho que dos curiosos também, ahahahah).

A economia da cidade gira em torno do turismo, o qual é responsável por até quadriplicar o número de residentes na localidade. Não é à toa que existem quase uma centena de hotéis, hostels, pousadas e residências para receber os turistas, bem como igual número de bares e restaurantes. Numerosas são, também, as agências de turismo. Assim, nas ruas centrais da cidade ou nos passeios pelos inúmeros pontos turísticos, encontra-se pessoas dos mais variadas regiões do planeta. Nós encontramos, nos dias que estávamos lá, sul-americanos em quantia (além de turistas nacionais do Chile, argentinos, colombianos, peruanos e bolivianos), muitos brasileiros de diversos estados, norte-americanos, europeus (alemães, franceses, italianos) e asiáticos (japoneses). A comunicação é feita em espanhol, portunhol, inglês e mímica, muita mímica, ahahahahah.

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Sobre a comunicação, uma observação: nós aqui do Rio Grande, com um pouco de esforço até conseguimos entender de forma superficial o espanhol, e conseguimos, da mesma forma, nos fazer entender em portunhol (pero que si, pero que no, me gusta, ahahahahah). Mas isso para paulistas e cariocas, apesar de brasileiros como nós, é praticamente impossível…

* Reservas si, acomodações no

Uma das constantes em nossa viagem foi que não fizemos reservas antecipadas nas cidades pelas quais passaríamos. Tirando San Salvador de Jujuy, onde ficamos na pousada roots dos motociclistas, não tivemos problemas. Como sabíamos que San Piedro del Atacama era uma cidade turística e que estávamos na alta temporada de férias na latino América, resolvemos fazer reservas para lá. Seriam dois pernoites…

Chegamos na cidade e fomos direto para a pousada que havíamos reservado: Casa de Felix… Em uma rua lateral, uma alta cerca de taquara protegia a pousada. Após uns trinta minutos de espera um brasileiro que estava hospedado abriu o portão para nós. Entramos, descarregamos as motos e fomos procurar o proprietário, que só chegou meia hora mais tarde. Para nossa surpresa, ele nos informou que não tínhamos reserva para aquela data, e que não tinha vaga para as próximas noites. Estabeleceu-se um clima tenso, afinal, já eram dezoito horas… Fizemos o óbvio: entramos no site de reservas e mostramos as mesmas para o Sr Félix: reservas para os dias 11 e 12… Foi quando o proprietário nos mostrou: sim, tínhamos reservas para 11 e 12, mas de março, não de fevereiro, como pensávamos, ahahahah. Reservamos para o mês errado. Que barbarbaridade, ahahahaha.

Para nossa sorte o Sr. Felix conseguiu para nós, a muito custo e bem nas proximidades, reservas em outra pousada, de uma conhecida: Hostel Candelária. Carregamos as motos de novo, vestimos toda a roupa, nos desculpamos pelo quiproquó, agradecemos e nos fomos. Felizmente era uma boa pousada, onde o atendimento da Sra Míriam foi ótimo (até um notebook ela emprestou para eu trabalhar) e que me pareceu bastante superior à Casa do Sr. Felix… Estávamos instalados na mais clássica das cidades do deserto, a menos de dez minutos do centro.

* Turistando 1

Na primeira noite no deserto fomos conhecer a cidade.

Fomos às ruas principais, nos misturamos com a enormidade de turistas naquelas ruas, visitamos pontos turísticos e comerciais e, cansados como estávamos, pois foi um dia de excepcionais emoções e experiências (lembram da coluna de semana passada?) e fomos jantar. Daí caímos na realidade, pois o custo de vida no Chile é bastante alto: uma refeição regular custa em torno de R$ 100,00, uma cerveja long neck custa em média R$ 23,00, o mesmo preço de uma taça de vinho, um refrigerante ou água em torno de R$ 10,00. É pouca coisa não…

Depois do impacto dos preços, e considerando que ficaríamos só mais um dia em São Pedro de Atacama, voltamos para o hostel, pois no dia seguinte faríamos um passeio no meio do deserto…

* Turistando 2

No dia seguinte, mais uma vez fomos para o centro da cidade, pois queríamos fazer um passeio pelo deserto. Eu pretendia fazer um passeio noturno, um tour astronômico chamado “o céu da noite do deserto”, com observação telescópica de estrelas e planetas, mas a previsão era tempo nublado pelos próximos cinco dias… O Chico queria conhecer os gêiseres, mas a saída era às quatro da matina do dia seguinte, e já não estaríamos em São Pedro de Atacama. Assim, optamos por um passeio à tarde/tardinha para el Vale de la Luna…

Esse vale apresenta uma paisagem de desolação onde o vento esculpe montanhas e vales de barro, sal e gesso. Parece outro planeta, daí o nome Vale da Lua. Foi declarado santuário da natureza em 1982.

Seria um passeio de quase quatro horas de van e a pé em meio a montanhas, dunas, morros de sal, trilhas no deserto… Cada pessoa tinha que levar dois litros de água no mínimo, protetor solar e chapéu, afinal, estaríamos caminhando no meio do deserto…

Porém, e sempre há poréns, não precisamos muito da água, um pouco menos do protetor solar e do chapéu, afinal, bastou chegarmos ao deserto para nossa companheira, por incrível que pareça, se fazer preste. Siiiiim, choveu no deserto! Acho que pelo histórico de viagem, eu e o Chico levamos chuva para o deserto… Motociclistas milagreiros, ahahahahahahah

Mas pensa num passeio sensacional!!!! Cansativo, mas sensacional!

* Me gusta

Ao final do passeio no Vale da Lua ocorreu, lá no meio do deserto, como ocorre ao final de todos os passeios, um coquetel de integração com variados acepipes e bebidas para os turistas. Depois descobri que o coquetel era feito no deserto por que é proibido consumir bebidas alcoólicas nas ruas da cidade, regra que vale para todas as cidades chilenas (e lá as pessoas cumprem as regras legais estabelecidas, ao contrário de outros países da América, como o nosso, por exemplo).

Foi nesse coquetel que fui apresentado a uma bebidinha muito característica dos chilenos: o pisco sur, um espumante doce feito à base de pisco, uma bebida destilada feita a partir da uva.

Daí que, depois de muitas horas passeando pelo deserto, subindo e descendo montanha, mesmo com tempo nublado e chuvisco em alguns pontos, que duas ou três taças da docinha pisco sur foram suficientes para deixar-me grogue, amolecer a língua e desequilibrar o caminhar, ahahahahah. A volta do passeio foi um espetáculo, ahahahahah.

* Cabia mais uns dias

Com o retorno do passeio tratamos logo de comprar os souvenires que faltavam, jantar e voltar para Candelária, afinal, no dia seguinte já iríamos para a estrada rumo ao Oceano Pacífico.

Restou-nos muito aquela sensação de que se poderia ficar mais um, ou dois, ou três dias em São Pedro do Atacama, pois ainda havia muito a se ver e conhecer. Quem sabe na próxima vez? Voltaremos!

Bom fim de semana e até à próxima, se Deus quiser.

PS: estou encerrando a coluna e ouço no rádio que um ônibus saído aqui de Lajeado em direção à São Pedro de Atacama capotou em Paço Jama, divisa entre Argentina e Chile, tendo morrido dois passageiros… Muito triste. É fato que destaca o perigo daquelas sinuosas estradas de altitude…

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