Um estudo realizado pela Faculdade União das Américas (Uniamérica), no Paraná, reacende o debate sobre o uso da banha de porco na alimentação dos brasileiros. As pesquisadoras Sonia Bordin e Polyana Niehues analisaram o colesterol de dois voluntários, comparando pratos preparados com banha e com óleo de soja, e os resultados surpreenderam.
“Com o uso do óleo de soja na preparação notaram-se alterações significativas nas frações de colesterol HDL, VLDL e triglicerídeos”, aponta o estudo.
A voluntária que consumiu alimentos preparados com óleo de soja apresentou redução de 20,5% no HDL (o “colesterol bom”), além de aumento de peso e de gordura corporal. Já o voluntário que utilizou banha de porco manteve um perfil lipídico mais estável durante o período de acompanhamento.
Especialistas apontam que a banha de porco foi alvo de campanhas negativas nas últimas décadas, sendo frequentemente associada a doenças cardiovasculares. O médico vascular Dayan Siebra, em entrevista, criticou essa visão:
“Fizeram as pessoas acreditarem que era ela que entupia as artérias e que fazia mal. Entre ela e o óleo vegetal, mil vezes a banha de porco.”
Segundo ele, a gordura suína é rica em gorduras monoinsaturadas, semelhantes às presentes no azeite de oliva, e possui ponto de fumaça mais alto, o que a torna estável em altas temperaturas, reduzindo a formação de compostos tóxicos durante o preparo de alimentos.
O cardiologista Serafim Gomes reforça que o consumo inadequado de qualquer gordura pode trazer riscos à saúde, mas que associar a banha de porco a doenças graves “é pura falácia e sensacionalismo da indústria”. Para ele, o equilíbrio e a qualidade do alimento são mais importantes do que simplesmente demonizar um tipo específico de gordura.
Apesar dos resultados positivos em casos isolados, nutricionistas alertam que mais pesquisas com grupos maiores são necessárias antes de se fazer recomendações gerais, considerando diferenças individuais e outros fatores de risco. No entanto, o estudo reacende a discussão sobre a importância de repensar o uso de óleos refinados e ultraprocessados no dia a dia, buscando alternativas mais naturais e menos inflamatórias.